O Dia das Bruxas
Mais duas fotos tiradas numa rua de Santos.
A carta pessoal de amor
Terrível Bebé:
Gosto das suas cartas, que são meiguinhas, e também gosto de si, que é meiguinha também. E é bombom, e é vespa, e é mel, que é das abelhas e não das vespas, e tudo está certo, e o Bebé deve escrever-me sempre, mesmo que eu não escreva, que é sempre, e eu estou triste, e sou maluco, e ninguém gosta de mim, e também porque é que havia de gostar, e isso mesmo, e torna tudo ao principio, e parece-me que ainda
lhe telefono hoje, e gostava de lhe dar um beijo na boca, com exactidão e gulodice e comer-lhe a boca e comer os beijinhos que tivesse lá escondidos e encostar-me ao seu ombro e escorregar para a ternura dos pombinhos, e pedir-lhe desculpa, e a desculpa ser a fingir, e tornar muitas vezes, e ponto final até recomeçar, e porque é que a Ophelinha gosta de um meliante e de um cevado e de um javardo e de um indivíduo com ventas de contador de gás e expressão geral de não estar ali mas na pia da casa ao lado, e exactamente, e enfim, e vou acabar porque estou doido, e estive sempre, e é de nascença, que é como quem diz desde que nasci, e eu gostava que a Bebé fosse uma boneca minha, e eu fazia como uma criança, despi-a, e o papel acaba aqui mesmo, e isto parece impossível ser escrito por um ente humano, mas é escrito por mim.
Fernando
Meliante - malandro, vadio
Cevado – homem muito gordo
Javardo – homem bruto e pouco asseado, grosseirão.
Os elementos estruturais que estão presentes nesta carta de amor são:
Data
Saudação inicial através de uma fórmula de tratamento carinhosa
Assinatura do remetente
A carta de amor insere-se no grupo das cartas pessoais e, como podes ver, não apresenta uma estrutura rígida e normativa, como acontece na carta formal. A espontaneidade e a emotividade do seu discurso vencem a rigidez estrutural.
O remetente evidencia uma certa preocupação em adequar o registo de língua à situação amorosa e ao destinatário em questão, a sua amada, utilizando para o efeito alguns recursos expressivos:
Formas de tratamento carinhosas:
- “Ophelinha”
- “Terrível Bebé”
- “Bebé”
Uso de diminutivos:
- “Ophelinha”
- “meiguinha”
- “pombinhos”
Utilização do polissíndeto:
- “E é bombom, e é vespa, e é mel”
Utilização do animismo:
- “Gosto das suas cartas, que são meiguinhas”
Recurso à metáfora:
- “E é bombom, e é vespa, e é mel”
Polissíndeto - Figura de construção que consiste na repetição sistemática e abundante de elementos de ligação, especialmente de conjunções coordenadas. O polissíndeto produz um efeito de acumulação, que pode evoluir no sentido de uma gradação, visando obter um crescendo de intensidade emotiva ou argumentativa.
Animismo - Figura de estilo que consiste em atribuir propriedades humanas ou movimento não humano a seres inanimados.
Através destes recursos, o autor da carta de amor exterioriza as suas emoções, sentimentos e estados de espírito, num tom torrencial, emotivo e coloquial, próprio da função emotiva. O seu registo de língua é adequado ao destinatário, à sua amada Ophélia, e à situação de comunicação, situação amorosa; deste modo, utiliza o registo de língua familiar.
Tendo em conta o conceito de adequação discursiva que deve estar presente nas cartas formais e pessoais, eis algumas fórmulas de saudação e despedida:
Saudação inicial
Carta formal:
- Exma. Senhora Doutora
- Exmo. Senhor
- Meu caro Senhor
Carta pessoal:
- Estimado amigo
- Querida Sílvia
- Queridos pais
Fórmula de despedida
Carta formal:
- Atenciosamente
- Com os melhores cumprimentos
- Com a mais elevada consideração
Carta pessoal:
- Com amizade
- Muitos beijinhos
- Um grande abraço
A carta é uma tipologia textual com características específicas:
- A epistolografia designa um género de obras escritas em forma de carta.
- A carta formal constitui um tipo de texto cuja rigidez estrutural é bem visível.
- O P.S. (post scriptum) deve ser um texto breve.
- Quando falamos em adequação discursiva a propósito das cartas, falamos em adequação às normas e regras de conduta que a sociedade estabeleceu.
- A adequação discursiva é visível nas formas de tratamento, no vocabulário escolhido e na construção frásica.
Funções da Linguagem
As funções da linguagem são seis, segundo Roman Jacobson, e categorizam as diversas finalidades com que a linguagem pode ser usada. Claro, as diversas funções raramente surgem sozinhas num mesmo discurso - escrito ou falado - sendo que é preciso distinguir a predominante para se perceber a função de um discurso.
A função expressiva ou emotiva exprime uma atitude em relação à mensagem que se quer transmitir, sendo um discurso marcado pela subjectividade, fazendo uso de adjectivação, interjeições, frases exclamativas e repetições. As cartas de amor, biografias, memórias e poesia lírica são exemplos do discurso com função expressiva.
A função informativa ou referencial centra-se na mensagem sobre um referente, sendo um discurso marcado pela objectividade, neutralidade e imparcialidade, fazendo uso de pouca adjectivação e de frases claras do tipo declarativas (também é comum o uso da terceira pessoa - ele, elas). As notícias jornalísticas e as informações técnicas e científicas são exemplos do discurso com função informativa.
A função apelativa ou persuasiva procura influenciar ou convencer, persuadir, fazendo uso de vocativos, interjeições e frases do tipo imperativo, assim como usando a segunda pessoa (tu, vocês). A propaganda política, sermões e publicidade.
A função enfática centra-se sobre o canal de comunicação, procurando estabelecer, prolongar ou verificar o contacto. Quando se testa um microfone ou telefone, em saudações militares e afins, usa-se a função enfática.
A função poética ou estética centra-se na mensagem evidenciado o lado palpável dos signos - o significante. As marcas que apresenta são as palavras usadas com outros sentidos, vocabulário seleccionado, rima, ritmo e sonoridade. Esta função surge em provérbios, slogans, lengalengas populares e em todas as obras de arte - e não só na poesia e prosas que procurem criar ritmos, sonoridades e estruturas inovadoras - pois as mensagens-objecto possuem um significado próprio.
A função metalinguística utiliza a linguagem para falar dela própria, procurando definir os signos por meio de outros signos. A poesia que reflecte sobre a poesia e o poeta, textos de teoria literária ou linguística são exemplos de discursos com função metalinguística.
Arroz de salsichas
1 cebola
1 dente de alho
1 lata de cogumelos laminados
1 cenoura
100g de bacon
80g de couve lombarda
5 salsichas frescas
1 folha de louro
queijo ralado
sal
pimenta
½ malagueta grande
3 chávenas de arroz
6 chávenas de água
1 cubo de caldo de arroz
salsa picada
Dê uma boa fervura às salsichas na água que depois servirá para cozer o arroz.
Refogue, em azeite, a cebola e o dente de alho picados, Junte a folha de louro.
Lamine a cenoura, corte a couve em juliana, pique a salsa, corte às rodelas a malagueta e junte ao refogado.
Junte os cogumelos e regue com a restante água onde ferveu as salsichas e dissolveu o cubo de caldo de arroz. Tempere com sal e pimenta. Quando começar a ferver deite o arroz. Deixe cozinhar um pouco.
Deite numa travessa de ir ao forno, polvilhe com queijo ralado e leve ao forno para dourar.
Sirva com uma boa salada.
Bom apetite!
Trabalhito:
Este miminho veio daqui e aqui fica para todas as minhas amigas blogueiras.
7 comentários:
Mena,
Pode pegar o vídeo e trazer pra cá, viu? Você já faz parte da família...
=]
Beijo imenso, menina linda.
Rebeca
-
boa noite,td bem?
a tua abóbora está lindíssima...
parabéns.
agradeço o selinho...
bom fdsemana, fica bem.
jinhos***
Olá Mena
Adorei a tua abóbora.
O ano passado falei pormenorizadamente sobre o dia das bruxas e o dia do "pão por Deus".
Gostei de reler.
Hoje não jantei, mas sonhei ao som dos Platters.
Levei o selinho.Obrigada.
Bjs.
Néctar da Flor é um blog que sempre soube receber e retornar seus comentários. Nunca deixamos ninguém, por motivo algum, no silêncio de uma visita quando vem à nossa página. Por esse motivo queremos presentear todos os amigos, que assim como nós, sabem acolher qualquer pessoa que chega com gentileza na sua casa virtual. Sem recriminação, sem preconceito, sem frescura.
Simplesmente porque:
Acolhe com o coração!
Beijos jogados no ar, sempre!
-
O dia das aboborinhas é uma importação que nada tem a ver com as nossas tradições!
Mas aquele arrozinho cheirava lindamente.
Adorei a tua abóbora, espero que se tenham divertido.
O teu trabalho está lindo.
E uma refeição deliciosa para acamar.
bjsss
Muito legal essa postagem sobre EÇA DE QUEIROZ
como sempre, um aula cultural
e adorei o colar e o chaveiro
bjs
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