sábado, 11 de fevereiro de 2012

A lei do menor esforço

Os meus alunos pediram-me que lhes falasse sobre o novo AO e que lhes explicasse, “como se fossem muito burros” (e asseguro-vos que não são nada, mas mesmo nada, burros!), o que muda e o que não muda na nossa língua e as razões por que querem agora “mudar todas as regras a meio de um jogo”.

Combinámos, então, que no início de cada aula, falaríamos sobre o malfadado acordo ou desacordo, como muita gente lhe chama.

Assim, durante o primeiro período, o tema das nossas conversas, logo à entrada da aula, foi o AO. Não foi preciso muito, para que os que estavam com algumas dúvidas, ficassem bem esclarecidos e até bem revoltados... Dei exemplos, eles puseram questões específicas... E, às tantas, perguntaram-me, muito irritados e desiludidos, dispostos a fazer qualquer coisa:

- Professora, o que é que podemos fazer para acabar com essa “coisa”?

- Para já, podem perguntar aos vossos pais, se querem assinar o ILC.

Quiseram saber o que era o ILC e se também podiam assinar. Disse-lhes que só podiam assinar se tivessem 18 anos ou mais.

Os pais queriam assinar. Fiz 200 cópias do documento, que paguei do meu bolso, distribui pelos alunos, por alguns colegas, familiares, amigos... Expliquei-lhes direitinho como preencher o documento e disponibilizei-me para enviar tudo, posteriormente...

Foram-me chegando documentos preenchidos, outros sem o número de eleitor, outros por preencher...

Os alunos explicaram-me as razões apontadas por alguns encarregados de educação: alguns não tinham cartão de eleitor; outros “Ah, não vale a pena, isso não vai dar em nada”; “Isso já está em vigor, já não é possível voltar atrás”...

Disse aos alunos como deveriam os pais resolver a questão do cartão de eleitor. Expliquei que ainda estávamos a tempo de travar o processo, mas que teríamos de agir e não desistir, etc., etc., etc..

A Lei do Menor Esforço imperou: “A minha mãe disse, só o trabalho de ir saber à Junta de Freguesia o n.º do cartão de eleitor”; “O meu pai também não quer saber disso para nada”...

Desiludida, recolhi os documentos devidamente preenchidos, coloquei-os num envelope e, sem os contar, enviei-os, pagando os respectivos portes.

Poderei vir a receber mais um ou outro, mostrei-me disponível para ajudar...

Concluí que as pessoas se demitem das suas obrigações, que não estão dispostas a zelar pelos seus interesses, se isso der algum trabalho e muito menos por algo comum...

Assim não vamos a lado nenhum! E alguns, de nós, merecem, sim senhor, o que se está a passar no país... Pena é que pague sempre o justo pelo pecador!

Ah, e não adianta nada dizer aos cépticos deste país, aos menos informados, aos... que o AO ainda não está em vigor, e que só em 2015 é que é... E será, só se nós deixarmos, só se não fizermos nada para o impedir...

A LÍNGUA É NOSSA!

2 comentários:

Unknown disse...

Os livros do meu filho do meio já estão todos escrito com o NAO. E a confusão que aquilo me faz?

Rita disse...

Pois é, Carla, mas os pais, se quiserem, podem reverter completamente a situação. O acordo ainda não está em vigor e se agirmos, podemos anular essa aberração.


Bj