Bem-Vindos a este espaço! Aqui encontrarão retalhos da vida de uma mulher... Retalhos, porque a minha vida é isso mesmo... é composta por mil pedacinhos que se vão tecendo e juntando para construir uma teia, umas vezes mais colorida... outras mais sombria... Mas no fim, tudo se conjuga harmoniosamente...
Corte a cebola e os alhos às rodelas e refogue em azeite até a cebola ficar transparente. Corte a curgete às rodelas e junte ao preparado anterior juntamente com os cogumelos laminados. Tempere com sal e pimenta. Deixe cozinhar um pouco.
Unte uma frigideira ou uma forma com margarina. Bata os ovos e junte o milho e os espinafres e mexa bem. Tempere e deite na frigideira.
Deite também o preparado dos cogumelos na frigideira e envolva.
Salpique com queijo ralado e leve ao forno.
Sirva com salada.
Testemunhos de professores que enfrentam as dificuldades que decorrem da
experiência de trabalhar com alunos que lhes transformam a vida num
inferno...
Tomar limonada todos os dias,
acrescentando uma colher (pequena) de bicarbonato é melhor.
... O Limão (Citrus limonun Risso,
Citrus limon (L.) Burm., Citrus medica) é um produto milagroso para matar as
células cancerosas. É 10.000 vezes mais forte do que a quimioterapia.
Por que isto não é divulgado?
Porque há organizações interessadas em
encontrar uma versão sintética que lhes permita obter lucros fabulosos.
Mas, a partir de agora você pode ajudar
um amigo que precise informando-lhe que deve beber sumo de limão com
bicarbonato de sódio para prevenir a doença.
Seu sabor é agradável. E, é claro, não
produz os efeitos terríveis da quimioterapia.
A próxima vez que você quiser beber um
sumo, peça ou faça-o de limão natural, sem conservantes.
Quantas pessoas morrem, enquanto este
segredo tem sido bem guardado só para não colocar em risco as utilidades multi-bilionárias
de grandes corporações?
Como você bem sabe o limoeiro é uma
árvore pequena e baixa. Não ocupa muito espaço. É conhecido pelo nome de
limoeiro, pé de limão, lima (em alguns lugares), llimona (cat) limoiaritz
(eusk).
É uma fruta cítrica que vem em
diferentes formas. Sua polpa pode ser consumida directamente ou é usada
normalmente para fazer bebidas, gelados, doces e assim por diante.
O interesse desta planta é devido a
seus fortes efeitos anti-cancerígenos. E embora lhe sejam atribuídas muitas
outras propriedades, o mais interessante sobre ele é o efeito que produz sobre
os quistos ou cistos e tumores. Esta planta é um remédio comprovado contra o câncer de
todos os tipos e o bicarbonato vai mudar o pH do
seu organismo. Alguns dizem que é de
grande utilidade em todas as formas de câncer.
É considerado também como um agente
anti-microbiano de amplo espectro contra infecções bacterianas e fungos que
vivem em lugares ácidos. Acrescentando bicarbonato de sódio em sua limonada
você altera o pH do seu organismo; é eficaz contra parasitas internos e vermes,
regula a pressão arterial elevada e é antidepressivo, combate a tensão e os
distúrbios nervosos.
A fonte desta informação é fascinante:
ela vem de um dos maiores fabricantes de remédios do mundo, que afirma que
depois de mais de 20 testes de laboratório realizados desde 1970, ficou provado
que o extracto:
1 - Destrói as células malignas em 12
tipos de câncer, incluindo câncer de cólon, de mama, de próstata, de pulmão e
do pâncreas ...
2 - Os compostos desta árvore mostraram
actuar 10.000 vezes melhor, retardando o crescimento das células cancerosas do
que a adriamicina, uma droga quimioterapia, normalmente utilizada no mundo.
3 - E o que é ainda mais surpreendente:
este tipo de terapia, com o extracto do limão e bicarbonato, destrói apenas as
células malignas do câncer e não afecta as células saudáveis.
Instituto de Ciências da Saúde, L.L.C.
819 N. Charles Street
Neste momento, a nível mundial e no seio da União Europeia já estão aprovadas patentes para sementes e produtos hortícolas. Estas sementes são transgénicas e possuem códigos que o nosso corpo e ADN não reconhecem como alimento.
Isto afecta também a polinização, pois o vento, as abelhas e outros insectos vão transportar esses mesmo códigos e espalhá-los por esse mundo fora.
As consequências destes produtos transgénicos no nosso organismo são desconhecidas na sua totalidade, mas do que se sabe agora não trazem nada de bom. As mutações de tais organismos são imprevisíveis e já há bebés a nascerem com os marcadores de tais códigos.
Estamos perante a mais vil tentativa do homem se colocar no lugar do nosso Criador! No maior e total desrespeito pela nossa Mãe!
Sei que é difícil atrair a atenção dos leitores para um assunto como este: "sementes". Mas das sementes e da liberdade de as plantar depende uma boa parte do nosso futuro porque 75% da biodiversidade agrícola foi extinta no século XX e as coisas não vão ficar por aqui. O esmagador poder financeiro da indústria química quer multiplicar leis, por todo o Mundo, para impedir os agricultores de serem livres de usar as sementes não certificadas nas colheitas seguintes. A espiral é terrível: quanto menor produção agrícola com sementes ancestrais, pior comeremos.
Num filme notável chamado "Food Inc." (Comida, Lda.), os autores mostram, por exemplo, como a multinacional Monsanto consegue perseguir e levar à falência vários produtores rurais. O argumento é simples: se no campo deste agricultor houver plantas cultivadas com sementes Monsanto e ele não for cliente da empresa, é processado por estar a usar sementes patenteadas, mesmo que elas tenham sido propagadas pelo vento e estejam misturadas com as suas. A natureza passou a ter 'dono'.
A Monsanto é a mais importante empresa mundial produtora de transgénicos. Atrai os agricultores através de um marketing aliciador de melhores colheitas. Mas os alimentos obtidos a partir de sementes alteradas laboratorialmente, cujo ADN não é compreendido pelos organismos humano ou animal, arrastam interrogações que não compreendemos antecipadamente. Foi assim que se alimentaram herbívoros com rações à base de carne e se rompeu uma lei da natureza. Esta experiência foi um dos motivos apontados para o surto da doença das vacas loucas.
As culturas transgénicas estão já na mesa de pessoas de todo o Mundo. Surgem em coisas tão importantes como a alimentação dos bovinos (por exemplo, na carne importada do Brasil ou da Argentina), na soja, arroz, milho ou em algo tão simples como o mel produzido por abelhas próximas de campos transgénicos. Um relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) dizia recentemente que a maioria dos alimentos consumidos no mundo ocidental provém apenas de 12 espécies de plantas e cinco espécies de animais, apesar de terem sido catalogadas milhares de espécies comestíveis. Pior: arroz, trigo e milho constituem 60 por cento da alimentação humana, sendo estes, na sua esmagadora maioria, provenientes de sementes tão apuradas que o nosso corpo já não 'lê' estes alimentos como "arroz", "trigo" ou "milho". Obviamente nem vale a pena falar da 'fast-food' ou da comida industrial.
Cristina Sales, uma médica que o Porto tem a sorte de ter por perto, escreve há vários anos sobre o caos da alimentação moderna e percorre o Mundo como oradora em conferências com este tema. E o que diz? "O nosso corpo tem um histórico de milhões de anos na absorção dos alimentos e está cada vez mais incapaz de reconhecer o que come. Não tem as enzimas necessárias à sua digestão e metabolismo. Por isso, gera uma reacção inflamatória contra os alimentos porque os considera 'elementos estranhos', como se fossem tóxicos. Essa é uma das razões porque tanta gente aumenta de peso ou de volume: porque retém líquidos nesse processo inflamatório. E isso afecta todas as pessoas, incluindo as magras".
Jude Fanton, da organização "Seed saver (Salvar as Sementes)" disse há meses ao programa Biosfera, da RTP2 (com o qual trabalho) uma coisa simples: "Se nos recordarmos do sabor da comida dos nossos avós - as maçãs, os vegetais, etc. - eles tinham um sabor verdadeiramente forte e intenso. Isso significa mais nutrição. Essa é talvez a razão pela qual estamos a engordar. Temos de comer cada vez mais para conseguir os nutrientes de que precisamos".
A ditadura agrícola e alimentar é este louco processo de quebrar as regras da natureza em busca de mais rentabilidade. Se fecharmos os olhos à origem dos alimentos, contribuímos gradualmente para uma vida cada vez mais tóxica. Essa perda de 'liberdade de escolha' e 'biodiversidade essencial' afecta o ADN humano que não deveríamos alienar numa só geração. Além disso, replica o modelo económico que supostamente queremos combater: os lucros ficam com as grandes multinacionais e as doenças em cada um de nós.
Um jovem de nível acadêmico excelente, candidatou-se à posição de gerente de uma grande empresa.
Passou a primeira entrevista e o diretor fez a última entrevista e tomou a última decisão.
O diretor descobriu através do currículo que as suas realizações acadêmicas eram excelentes em todo o percurso, desde o secundário até à pesquisa da pós-graduação e não havia um ano em que não tivesse pontuado com nota máxima.
O diretor perguntou, "Tiveste alguma bolsa na escola?" o jovem respondeu, "nenhuma".
O diretor perguntou, "Foi o teu pai que pagou as tuas mensalidades ?" o jovem respondeu, "O meu pai faleceu quando tinha apenas um ano, foi a minha mãe quem pagou as minhas mensalidades."
O diretor perguntou, "Onde trabalha a tua mãe?" e o jovem respondeu, "A minha mãe lava roupa."
O diretor pediu que o jovem lhe mostrasse as suas mãos. O jovem mostrou um par de mãos macias e perfeitas.
O diretor perguntou, "Alguma vez ajudaste a tua mãe a lavar as roupas?", o jovem respondeu, "Nunca, a minha mãe sempre quis que eu estudasse e lesse mais livros. Além disso, a minha mãe lava a roupa mais depressa do que eu."
O diretor disse, "Eu tenho um pedido. Hoje, quando voltares, vais e limpas as mãos da tua mãe, e depois vens ver-me amanhã de manhã."
O jovem sentiu que a hipótese de obter o emprego era alta. Quando chegou a casa, pediu feliz à mãe que o deixasse limpar as suas mãos. A mãe achou estranho, estava feliz mas com um misto de sentimentos e mostrou as suas mãos ao filho.
O jovem limpou lentamente as mãos da mãe. Uma lágrima escorreu-lhe enquanto o fazia. Era a primeira vez que reparava que as mãos da mãe estavam muito enrugadas, e havia demasiadas contusões nas suas mãos. Algumas eram tão dolorosas que a mãe se queixava quando limpava com água.
Esta era a primeira vez que o jovem percebia que este par de mãos que lavavam roupa todo o dia tinham-lhe pago as mensalidades. As contusões nas mãos da mãe eram o preço a pagar pela sua graduação, excelência acadêmica e o seu futuro. Após acabar de limpar as mãos da mãe, o jovem silenciosamente lavou as restantes roupas pela sua mãe.
Nessa noite, mãe e filho falaram por um longo tempo.
Na manhã seguinte, o jovem foi ao gabinete do diretor. O diretor percebeu as lágrimas nos olhos do jovem e perguntou, "Diz-me, o que fizeste e aprendeste ontem em tua casa?"
O jovem respondeu, "Eu limpei as mãos da minha mãe, e ainda acabei de lavar as roupas que sobraram."
O diretor pediu, "Por favor diz-me o que sentiste."
O jovem disse "Primeiro, agora sei o que é dar valor. Sem a minha mãe, não haveria um eu com sucesso hoje. Segundo, ao trabalhar e ajudar a minha mãe, só agora percebi a dificuldade e dureza que é ter algo pronto. Em terceiro, agora aprecio a importância e valor de uma relação familiar."
O diretor disse, "Isto é o que eu procuro para um gerente. Eu quero recrutar alguém que saiba apreciar a ajuda dos outros, uma pessoa que conheça o sofrimento dos outros para terem as coisas feitas, e uma pessoa que não coloque o dinheiro como o seu único objetivo na vida. Estás contratado."
Mais tarde, este jovem trabalhou arduamente e recebeu o respeito dos seus subordinados. Todos os empregados trabalhavam diligentemente e como equipa. O desempenho da empresa melhorou tremendamente.
Uma criança que foi protegida e teve habitualmente tudo o que quis, vai desenvolver- se mentalmente e vai sempre colocar-se em primeiro. Vai ignorar os esforços dos seus pais, e quando começar a trabalhar, vai assumir que toda a gente o deve ouvir e quando se tornar gerente, nunca vai saber o sofrimento dos seus empregados e vai sempre culpar os outros. Para este tipo de pessoas, que podem ser boas academicamente, podem ser bem sucedidas por um bocado, mas eventualmente não vão sentir a sensação de objetivo atingido. Vão resmungar, estar cheios de ódio e lutar por mais. Se somos esse tipo de pais, estamos realmente a mostrar amor ou estamos a destruir o nosso filho?
Pode deixar o seu filho viver numa grande casa, comer boas refeições, aprender piano e ver televisão num grande plasma. Mas quando cortar a grama, por favor deixe-o experienciar isso. Depois da refeição, deixe-o lavar o seu prato juntamente com os seus irmãos e irmãs.Deixe-o guardar seus brinquedos e arrumar sua própria cama. Isto não é porque não tem dinheiro para contratar uma empregada, mas porque o quer amar como deve de ser. Quer que ele entenda que não interessa o quão ricos os seus pais são, um dia ele vai envelhecer, tal como a mãe daquele jovem. A coisa mais importante que os seus filhos devem entender é a apreciar o esforço e experiência da dificuldade e aprendizagem da habilidade de trabalhar com os outros para fazer as coisas.
Quais são as pessoas que ficaram com mãos enrugadas por mim?
O valor de nossos pais ...
Um dos mais bonitos textos sobre educação familiar que já li...leitura obrigatória para nós pais e, principalmente, para os filhos.
Nota: Não aderi ao novo AO, o texto foi escrito em português do Brasil, o seu autor é brasileiro...
Ricardo Reis foi quem melhor traduziu a evidência da tragédia humana. Existir é nada ter, é nada poder.
Este poeta não acredita na obtenção de verdades e a sua única certeza é que não fugiremos ao nosso fado, ao nosso destino, que culminará, inevitavelmente, na morte. Então, propõe a anulação da vontade, a aceitação passiva de todas as coisas, a recusa da emoção e do prazer exagerado. Para Ricardo Reis, o homem é um ser que está preso na sua própria condição.
"(...) Pouco os deuses nos dão, e o pouco é falso. Porém, se o dão, falso que seja, a dádiva É verdadeira. Aceito, Cerro olhos: é bastante. Que mais quero?"
A renúncia é a única coisa que nos resta perante uma vontade divina que nos transcende, perante Cronos (o Tempo), que devora os seus próprios filhos. Assim, Ricardo Reis propõe o gozo do momento, o carpe diem, pois o futuro é incógnito e a vida é efémera. O poeta prefere viver numa aurea mediocritas, com a tranquilidade que se adquire através da recusa dos prazeres violentos e das emoções fortes.
"Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio. Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. (Enlacemos as mãos.)
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa, Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado, Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos. Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio. Mais vale saber passar silenciosamente E sem desassossegos grandes.
(...)"
A imitação da Antiguidade não esconde uma preocupação que caracteriza os tempos modernos: a angústia perante a morte, o horror do nada, preocupações igualmente presentes, na poesia ortónima e na prática de Álvaro de Campos.
Ricardo Reis cultiva o individualismo. o que o leva a afastar-se dos outros. Seguindo a lição epicurista, abdica dos prazeres violentos a favor da tranquilidade, renuncia a qualquer acção inútil e evita a dor. Para este heterónimo, a liberdade (que os próprios deuses não detêm, pois acima deles existe uma entidade superior, uma Lei, um Fado) e a felicidade (apagada pela consciência da morte inevitável) são ilusórias. Assim, como afirma Fernando Pessoa, a sua obra "profundamente triste" constitui uma forma lúcida, uma disciplina que leva o poeta a perseguir "uma calma qualquer":
"Segue o teu destino, Rega as tuas plantas, Ama as tuas rosas. O resto é a sombra De árvores alheias.
A realidade Sempre é mais ou menos Do que nós queremos. Só nós somos sempre Iguais a nós-próprios.
(...)
Vê de longe a vida. Nunca a interrogues. Ela nada pode Dizer-te. A resposta Está além dos deuses.
Mas serenamente Imita o Olimpo No teu coração. Os deuses são deuses Porque não se pensam."
Ricardo Reis renuncia ao Conhecimento, porque não acredita na possibilidade de o alcançar. A resposta à questão "Qual é o sentido da vida?" jamais seria conseguida.
Rafael Baldaya, um semi-heterónimo menos conhecido de Fernando Pessoa, é o filósofo que espelha o tecido social e moral do séc. XX. Com efeito, este século caracteriza-se por uma profunda crise de valores, pois estes tornaram-se lógicos; era necessário inventar outros, que traduzissem a essência da espécie humana.
Baldaya significa a única certeza, pessimista, mas real, do Homem desta era - a ideia do nada, o niilismo, que, inevitavelmente, absorverá a existência.
Esta consciência perpassa na poesia de Ricardo Reis, marcada pela ideia de que a vida não é mais do que a condenação à morte, uma espera mais ou menos longa do nada.
Ex.mos Srs. Primeiro-Ministro, Ministro da Educação e Ciência e Secretário
de Estado da Cultura,
Passamos a citar a declaração final emanada da VII reunião de Ministros da
Educação da CPLP, datada de 30 de Março de 2012, assinada por todos os
ministros ou seus legítimos representantes (realces nossos em maiúsculas):
«Os MINISTROS DA EDUCAÇÃO, ou os seus representantes, DE Angola, Brasil,
Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, PORTUGAL, S. Tomé e Príncipe e
Timor-Leste, reunidos na cidade de Luanda, no dia 30 de Março de 2012 […]
DECIDEM […] INCUMBIR o Secretariado Técnico Permanente
(Portugal/Angola/Moçambique) PARA, junto e com o apoio do Conselho Científico
do IILP e de instituições académicas dos Estados Membros, PROCEDER A […]
3.1. Um diagnóstico relativo aos constrangimentos e estrangulamentos na
aplicação do Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa de 1990;
3.2. ACÇÕES CONDUCENTES À APRESENTAÇÃO DE UMA PROPOSTA DE AJUSTAMENTO DO
ACORDO ORTOGRÁFICO DE LÍNGUA PORTUGUESA DE 1990, na sequência da apresentação
do referido diagnóstico.
[…]
Luanda, 30 de Março de 2012.
[…]
Nuno Crato, Ministro da Educação e Ciência da República Portuguesa […]»
Reiteramos: os Ministros da Educação da CPLP, representando os
estados-membros da CPLP declararam UNANIMEMENTE que deverão ser empreendidas
acções conducentes à apresentação de uma proposta de ajustamento do Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa (1990).
Estas palavras contrastam gritantemente com as declarações proferidas a 24
de Abril de 2012 pelo Sr. Secretário de Estado da Cultura na abertura da 82.ª
Feira do Livro de Lisboa (realces nossos em maiúsculas):
«[…] “Portugal subscreveu o acordo ortográfico, é um dos signatários, ele
está em vigor. Neste momento só dois países, Angola e Moçambique, ainda não o
rectificaram [sic]. As indicações que temos das cimeiras de Luanda, é que a
posição de Angola e Moçambique será definida agora. Isto é: será definido o
modo como vão rectificar [sic] o acordo. Mas a indicação que temos é de que o
vão rectificar [sic]”, afirmou o secretário de Estado da Cultura. “NÂO HÁ
REVISÃO. O acordo é um instrumento legal e foi rectificado [sic] por
parlamentos de diferentes países. O que pode haver, e isso está consignado na
lei, é a possibilidade de se fazerem acertos no Vocabulário Ortográfico Comum.
Será apresentada uma versão beta, ainda durante este ano, e até 2014 estará
encerrado. Repare, ainda nem sequer estão incluídas no Vocabulário Ortográfico
Comum as contribuições de Angola e Moçambique. Nessa matéria é que há abertura.
Agora o AO está em vigor.” […]»
– Francisco José Viegas, “Público”, 24 de Abril de 2012
Por sua vez, estas declarações do Secretário de Estado da Cultura contrastam
com estas outras:
«O facto de [o Acordo Ortográfico] ser irreversível não quer dizer que não
seja corrigível»
– Francisco José Viegas, “Correio da Manhã”, 30 de Outubro de 2011
Ex.mos Srs.,
Esta situação é intolerável. A descoordenação subjacente às acções dos
membros do Governo responsáveis por este tema é gritante. O conteúdo da
declaração de Luanda e as declarações do Secretário de Estado da cultura são
incompatíveis. Havendo os estados-membros da CPLP declarado UNANIMEMENTE que
deverão ser empreendidas acções conducentes à apresentação de uma proposta de
ajustamento do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990) – doravante
AOLP90 –, não pode o Secretário de estado da Cultura de Portugal vir agora
dizer que não haverá revisão do mesmo acordo.
A rejeição do AOLP90 pela sociedade portuguesa é visível e palpável. Creio
que não passará despercebida a Vossas Excelências a verdadeira torrente de
artigos e colunas de opinião versando este tema veiculados pela imprensa
nacional, a esmagadora maioria dos quais manifestando opiniões fortemente
contrárias ao dito acordo. Essa é apenas a ponta do iceberg… Percorressem
Vossas Excelências o espaço cibernáutico e deparar-se-iam com um verdadeiro
dilúvio de textos dedicados à temática do AOLP90, escritos por pessoas das mais
variadas proveniências, a vastíssima maioria manifestando feroz oposição. Raras
vezes se viu ou se vê uma questão despertar tão intensa e tão extensa discussão
no nosso país. O facto de se dedicar tanta atenção a este tema numa altura em
que o país vive tantas dificuldades, diz muito acerca do quão importantes são a
língua portuguesa e a sua ortografia para os Portugueses.
Fazemos nossas as palavras de António Emiliano (A CPLP E A CONSAGRAÇÃO DO
DESACORDO ORTOGRÁFICO in Público, 19 de Abril de 2012):
«[…] A situação presente resume-se a isto: Angola não ratificará nem
aplicará o Acordo Ortográfico enquanto não houver alterações; Moçambique
anunciou no ano passado que não está preparado para ratificar e aplicar o
Acordo Ortográfico; nenhum dos países africanos que ratificou o Acordo
Ortográfico fez qualquer esforço ou tomou qualquer medida para o aplicar; em
Portugal (berço da língua portuguesa) e no Brasil impera o caos
ortográfico-linguístico e usa-se uma mixórdia “acordesa”, enquanto no resto da
CPLP se escreve PORTUGUÊS; no Brasil, considerado por gente pouco avisada como
o “motor da lusofonia”, fala-se e escreve-se uma língua portuguesa cada vez
mais distante do português euro-africano. Não há paralelo nem precedente na
história de qualquer grande língua de cultura para esta situação difícil de
qualificar. Onde antes havia uma natural e inevitável clivagem entre o Brasil e
o bloco euro-africano da lusofonia existe hoje uma injustificável desunião entre
Portugal e os PALOP (nenhum dos quais aplica o Acordo Ortográfico) e
conserva-se a mesma clivagem luso-brasileira de sempre, agora disfarçada de
unificação ortográfica. O facto de o AO não concitar qualquer consenso nem
contribuir para unificar seja o que for, é razão suficiente para, no mínimo, se
suspender a sua aplicação e fazer respeitar a Constituição (que protege
explicitamente a qualidade do ensino e o uso da língua nacional) e a Lei de
Bases do Património Cultural (pela qual a língua, “fundamento da soberania
nacional, é um elemento essencial do património cultural português”). Tendo,
ademais, o Acordo Ortográfico sido declarado ortografia deficiente e carente de
revisão, logo, provisória e já obsoleta, a sua aplicação no sistema de ensino e
nas instituições do Estado português deve cessar imediatamente, como releva do
mais elementar bom senso e com o aval e beneplácito unânimes da CPLP.»
Fazemos nossas também as palavras de Rui Ramos (in Expresso, 24 de Março
de 2012): «(…) já passou o tempo em que um governo podia mandatar meia dúzia de
sábios para mudar o mundo e os arredores. (…) A resistência ao acordo tem menos
a ver com brios nacionalistas e mais com essa apropriação democrática da
língua. A língua é de todos, com as regras que todos aprendemos – não deles,
ministros e académicos, (poucos académicos, acrescentamos nós) para a fazerem
variar segundo as suas teorias e diplomacias preferidas. (…) O Estado deixou de
poder sujeitar a língua portuguesa ao arbítrio de decretos e portarias soprados
por uma qualquer cabala de especialistas. (de um pequeno grupo de
especialistas, que ignoraram os múltiplos pareceres em sentido contrário de
muitos outros mais!, acrescentamos nós) (…)».
Do exposto decorre que a única acção lógica, responsável e possível por
parte do Estado Português é suspender imediatamente a aplicação do AOLP90, até
à sua revisão. Insistir e persistir na sua aplicação seria um erro de
proporções insustentáveis e consequências por demais nefandas.
Vossas Excelências não foram responsáveis pela ratificação deste Acordo,
nem tão-pouco do 2.º Protocolo modificativo, que eliminou a exigência da
unanimidade dos Estados da lusofonia para que o AOLP90 entrasse em vigor. Têm,
porém, vindo a ser responsáveis pela sua implementação.
Vossas Excelências têm a possibilidade de entrar para a história de
Portugal com saldo positivo ou com saldo negativo. O resultado dependerá de uma
miríade de variáveis, a maioria das quais escapa ao controlo de cada um de vós.
Vossas Excelências controlarão apenas as vossas acções. Entrai para a história
de Portugal com saldo positivo.
Como governantes da nação, é vosso dever actuar na defesa dos interesses
nacionais. Solicitamos-vos, pois, que envidem esforços no sentido de suspender
a aplicação deste instrumento por demais imperfeito e daninho e, assim,
reponham o alto valor da estabilidade ortográfica em Portugal.
1. Comemora-se hoje o 25 de Abril. Foi há 38 anos. “O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Já não se crê na honestidade dos homens públicos. O povo está na miséria. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. O tédio invadiu as almas. A ruína económica cresce. O comércio definha. A indústria enfraquece. O salário diminui. O Estado tem que ser considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo”. Estas frases corridas pertencem a Eça de Queirós e foram citadas por Paulo Neves da Silva, em livro editado pela Casa das Letras. A quem revê nelas o país em que hoje vive, pergunto: e não fazemos nada?
2. A evolução dos indicadores é oficial: desemprego em dramático crescimento, PIB em queda alarmante e execução orçamental do primeiro trimestre do ano muito longe do equilíbrio prometido. Dizem os farsolas do regime que não há tempo para resultarem as políticas de extermínio dos funcionários públicos, classe média e reformados. Asseveram que é preciso esperar. Aceita-se, naturalmente, que a falta de recursos traga os custos para a primeira linha das análises e que a eficiência preocupe a governação. Mas no binómio “recursos mobilizados- resultados obtidos”, gastar menos, obtendo piores resultados, mesmo que melhore a eficiência, é inaceitável. Cortar despesas de modo cego, mantendo intocáveis os grandes sugadores do país, é inaceitável. Em Washington, Vítor Gaspar teve o topete de declarar que as medidas de austeridade não afectaram os mais vulneráveis. E a propósito dos subsídios confiscados, o decoro mínimo não impediu Paula Teixeira da Cruz de desmentir o primeiro-ministro, que já tinha desmentido Vítor Gaspar. Como se a confiança no Estado aguentasse todas as diatribes. “Não podemos viver acima das nossas possibilidades” é uma frase batida dos farsolas do regime. A dívida pública e a dívida privada têm que ser pagas, recordam-nos. Aos funcionários públicos espoliados e aos que nunca viveram acima das suas possibilidades, pergunto: e não fazemos nada?
3. Na quarta-feira passada ouvi Nuno Crato na TVI 24. Afirmou que não há razões pedagógicas para dizer que 30 alunos por turma seja mau. Perante o esboço de contraditório do entrevistador, perguntou-lhe quantos alunos tinham as turmas no tempo dele. Esta conversa não é de ministro. É de farsola, que não distingue pedagogia de demagogia. No meu Alentejo e no meu tempo, não raro se encontravam à porta de uma ou outra casa, em dias de sol, dejectos humanos a secar. Eram de um doente com icterícia, que os tomaria posteriormente, secos, diluídos e devidamente coados. Pela ministerial lógica justificativa, bem pode Sua Excelência anotar a receita para os futuros netos. Garanto-lhe, glosando Américo Tomás, pensador do mesmo jeito, que os que não morriam salvavam-se! A dimensão das turmas tem óbvia implicação no aproveitamento e na disciplina. William Gerald Golding, Nobel da literatura em 1983, foi, durante 3 décadas, professor. Interrogado uma vez por um jornalista sobre o método que usava para ensinar, respondeu que com 10 alunos na sala de aula qualquer método servia, mas com 30 nenhum resultava. A resposta de Golding retorna à minha mente cada vez que surge um econometrista moderno a tentar convencer-me de que o tamanho das turmas não tem a ver com o sucesso das aprendizagens. Não nos iludamos com a profusão de estudos sobre a relevância das variáveis que condicionam as aprendizagens e, particularmente, com as correlações especulativas estabelecidas entre elas. Imaginemos que os resultados obtidos num sistema de ensino onde as turmas têm, em média, 35 alunos, são melhores que os obtidos por turmas de 20, de outro sistema. Alguma vez permite essa constatação concluir que o tamanho da turma não importa? Que aconteceria aos resultados do primeiro sistema se as turmas passassem de 35 para 20 alunos, no pressuposto de que tudo o mais não se alterava? Poderíamos e deveríamos discutir se temos recursos financeiros para manter a actual dimensão máxima das turmas. E poderíamos concluir que não. Poderíamos e deveríamos discutir o peso e a hierarquia, em termos de resultados, das diferentes variáveis que condicionam as aprendizagens. E poderíamos concluir que, antes da dimensão das turmas, outras se impõem pelo seu impacto e relevância. Mas não afrontemos com pseudo razões pedagógicas a experiência comprovada da sala de aula, que torna evidente que a probabilidade de sucesso aumenta se cada professor tiver menos alunos com quem repartir esforços e atenção. Aos professores adormecidos pergunto: e não fazemos nada?
Era uma vez um país onde entre o mar e a guerra vivia o mais infeliz dos povos à beira-terra.
Onde entre vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras um povo se debruçava como um vime de tristeza sobre um rio onde mirava a sua própria pobreza.
Era uma vez um país onde o pão era contado onde quem tinha a raiz tinha o fruto arrecadado onde quem tinha o dinheiro tinha o operário algemado onde suava o ceifeiro que dormia com o gado onde tossia o mineiro em Aljustrel ajustado onde morria primeiro quem nascia desgraçado.
Era uma vez um país de tal maneira explorado pelos consórcios fabris pelo mando acumulado pelas ideias nazis pelo dinheiro estragado pelo dobrar da cerviz pelo trabalho amarrado que até hoje já se diz que nos tempos do passado se chamava esse país Portugal suicidado.
Ali nas vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras vivia um povo tão pobre que partia para a guerra para encher quem estava podre de comer a sua terra.
Um povo que era levado para Angola nos porões um povo que era tratado como a arma dos patrões um povo que era obrigado a matar por suas mãos sem saber que um bom soldado nunca fere os seus irmãos.
Ora passou-se porém que dentro de um povo escravo alguém que lhe queria bem um dia plantou um cravo.
Era a semente da esperança feita de força e vontade era ainda uma criança mas já era a liberdade.
Era já uma promessa era a força da razão do coração à cabeça da cabeça ao coração. Quem o fez era soldado homem novo capitão mas também tinha a seu lado muitos homens na prisão.
Esses que tinham lutado a defender um irmão esses que tinham passado o horror da solidão esses que tinham jurado sobre uma côdea de pão ver o povo libertado do terror da opressão.
Não tinham armas é certo mas tinham toda a razão quando um homem morre perto tem de haver distanciação
uma pistola guardada nas dobras da sua opção uma bala disparada contra a sua própria mão e uma força perseguida que na escolha do mais forte faz com que a força da vida seja maior do que a morte.
Quem o fez era soldado homem novo capitão mas também tinha a seu lado muitos homens na prisão.
Posta a semente do cravo começou a floração do capitão ao soldado do soldado ao capitão.
Foi então que o povo armado percebeu qual a razão porque o povo despojado lhe punha as armas na mão.
Pois também ele humilhado em sua própria grandeza era soldado forçado contra a pátria portuguesa.
Era preso e exilado e no seu próprio país muitas vezes estrangulado pelos generais senis.
Capitão que não comanda não pode ficar calado é o povo que lhe manda ser capitão revoltado é o povo que lhe diz que não ceda e não hesite - pode nascer um país do ventre duma chaimite.
Porque a força bem empregue contra a posição contrária nunca oprime nem persegue - é força revolucionária!
Foi então que Abril abriu as portas da claridade e a nossa gente invadiu a sua própria cidade.
Disse a primeira palavra na madrugada serena um poeta que cantava o povo é quem mais ordena.
E então por vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras desceram homens sem medo marujos soldados «páras» que não queriam o degredo dum povo que se separa.
E chegaram à cidade onde os monstros se acoitavam era a hora da verdade para as hienas que mandavam a hora da claridade para os sóis que despontavam e a hora da vontade para os homens que lutavam.
Em idas vindas esperas encontros esquinas e praças não se pouparam as feras arrancaram-se as mordaças e o povo saiu à rua com sete pedras na mão e uma pedra de lua no lugar do coração.
Dizia soldado amigo meu camarada e irmão este povo está contigo nascemos do mesmo chão trazemos a mesma chama temos a mesma ração dormimos na mesma cama comendo do mesmo pão. Camarada e meu amigo soldadinho ou capitão este povo está contigo a malta dá-te razão.
Foi esta força sem tiros de antes quebrar que torcer esta ausência de suspiros esta fúria de viver este mar de vozes livres sempre a crescer a crescer que das espingardas fez livros para aprendermos a ler que dos canhões fez enxadas para lavrarmos a terra e das balas disparadas apenas o fim da guerra.
Foi esta força viril de antes quebrar que torcer que em vinte e cinco de Abril fez Portugal renascer.
E em Lisboa capital dos novos mestres de Aviz o povo de Portugal deu o poder a quem quis.
Mesmo que tenha passado às vezes por mãos estranhas o poder que ali foi dado saiu das nossas entranhas. Saiu das vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras onde um povo se curvava como um vime de tristeza sobre um rio onde mirava a sua própria pobreza.
E se esse poder um dia o quiser roubar alguém não fica na burguesia volta à barriga da mãe. Volta à barriga da terra que em boa hora o pariu agora ninguém mais cerra as portas que Abril abriu.
Essas portas que em Caxias se escancararam de vez essas janelas vazias que se encheram outra vez e essas celas tão frias tão cheias de sordidez que espreitavam como espias todo o povo português.
Agora que já floriu a esperança na nossa terra as portas que Abril abriu nunca mais ninguém as cerra.
Contra tudo o que era velho levantado como um punho em Maio surgiu vermelho o cravo do mês de Junho.
Quando o povo desfilou nas ruas em procissão de novo se processou a própria revolução.
Mas eram olhos as balas abraços punhais e lanças enamoradas as alas dos soldados e crianças.
E o grito que foi ouvido tantas vezes repetido dizia que o povo unido jamais seria vencido.
Contra tudo o que era velho levantado como um punho em Maio surgiu vermelho o cravo do mês de Junho.
E então operários mineiros pescadores e ganhões marçanos e carpinteiros empregados dos balcões mulheres a dias pedreiros reformados sem pensões dactilógrafos carteiros e outras muitas profissões souberam que o seu dinheiro era presa dos patrões.
A seu lado também estavam jornalistas que escreviam actores que se desdobravam cientistas que aprendiam poetas que estrebuchavam cantores que não se vendiam mas enquanto estes lutavam é certo que não sentiam a fome com que apertavam os cintos dos que os ouviam.
Porém cantar é ternura escrever constrói liberdade e não há coisa mais pura do que dizer a verdade.
E uns e outros irmanados na mesma luta de ideais ambos sectores explorados ficaram partes iguais.
Entanto não descansavam entre pragas e perjúrios agulhas que se espetavam silêncios boatos murmúrios risinhos que se calavam palácios contra tugúrios fortunas que levantavam promessas de maus augúrios os que em vida se enterravam por serem falsos e espúrios maiorais da minoria que diziam silenciosa e que em silêncio fazia a coisa mais horrorosa: minar como um sinapismo e com ordenados régios o alvor do socialismo e o fim dos privilégios.
Foi então se bem vos lembro que sucedeu a vindima quando pisámos Setembro a verdade veio acima.
E foi um mosto tão forte que sabia tanto a Abril que nem o medo da morte nos fez voltar ao redil.
Ali ficámos de pé juntos soldados e povo para mostrarmos como é que se faz um país novo.
Ali dissemos não passa! E a reacção não passou. Quem já viveu a desgraça odeia a quem desgraçou.
Foi a força do Outono mais forte que a Primavera que trouxe os homens sem dono de que o povo estava à espera.
Foi a força dos mineiros pescadores e ganhões operários e carpinteiros empregados dos balcões mulheres a dias pedreiros reformados sem pensões dactilógrafos carteiros e outras muitas profissões que deu o poder cimeiro a quem não queria patrões.
Desde esse dia em que todos nós repartimos o pão é que acabaram os bodos - cumpriu-se a revolução.
Porém em quintas vivendas palácios e palacetes os generais com prebendas caciques e cacetetes os que montavam cavalos para caçarem veados os que davam dois estalos na cara dos empregados os que tinham bons amigos no consórcio dos sabões e coçavam os umbigos como quem coça os galões os generais subalternos que aceitavam os patrões os generais inimigos os generais garanhões teciam teias de aranha e eram mais camaleões que a lombriga que se amanha com os próprios cagalhões. Com generais desta apanha já não há revoluções.
Por isso o onze de Março foi um baile de Tartufos uma alternância de terços entre ricaços e bufos.
E tivemos de pagar com o sangue de um soldado o preço de já não estar Portugal suicidado.
Fugiram como cobardes e para terras de Espanha os que faziam alardes dos combates em campanha.
E aqui ficaram de pé capitães de pedra e cal os homens que na Guiné aprenderam Portugal.
Os tais homens que sentiram que um animal racional opõe àqueles que o firam consciência nacional.
Os tais homens que souberam fazer a revolução porque na guerra entenderam o que era a libertação.
Os que viram claramente e com os cinco sentidos morrer tanta tanta gente que todos ficaram vivos.
Os tais homens feitos de aço temperado com a tristeza que envolveram num abraço toda a história portuguesa.
Essa história tão bonita e depois tão maltratada por quem herdou a desdita da história colonizada.
Dai ao povo o que é do povo pois o mar não tem patrões. - Não havia estado novo nos poemas de Camões!
Havia sim a lonjura e uma vela desfraldada para levar a ternura à distância imaginada.
Foi este lado da história que os capitães descobriram que ficará na memória das naus que de Abril partiram das naves que transportaram o nosso abraço profundo aos povos que agora deram novos países ao mundo.
Por saberem como é ficaram de pedra e cal capitães que na Guiné descobriram Portugal.
E em sua pátria fizeram o que deviam fazer: ao seu povo devolveram o que o povo tinha a haver: Bancos seguros petróleos que ficarão a render ao invés dos monopólios para o trabalho crescer. Guindastes portos navios e outras coisas para erguer antenas centrais e fios dum país que vai nascer.
Mesmo que seja com frio é preciso é aquecer pensar que somos um rio que vai dar onde quiser
pensar que somos um mar que nunca mais tem fronteiras e havemos de navegar de muitíssimas maneiras.
No Minho com pés de linho no Alentejo com pão no Ribatejo com vinho na Beira com requeijão e trocando agora as voltas ao vira da produção no Alentejo bolotas no Algarve maçapão vindimas no Alto Douro tomates em Azeitão azeite da cor do ouro que é verde ao pé do Fundão e fica amarelo puro nos campos do Baleizão. Quando a terra for do povo o povo deita-lhe a mão!
É isto a reforma agrária em sua própria expressão: a maneira mais primária de que nós temos um quinhão da semente proletária da nossa revolução.
Quem a fez era soldado homem novo capitão mas também tinha a seu lado muitos homens na prisão.
De tudo o que Abril abriu ainda pouco se disse um menino que sorriu uma porta que se abrisse um fruto que se expandiu um pão que se repartisse um capitão que seguiu o que a história lhe predisse e entre vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras um povo que levantava sobre um rio de pobreza a bandeira em que ondulava a sua própria grandeza! De tudo o que Abril abriu ainda pouco se disse e só nos faltava agora que este Abril não se cumprisse. Só nos faltava que os cães viessem ferrar o dente na carne dos capitães que se arriscaram na frente.
Na frente de todos nós povo soberano e total que ao mesmo tempo é a voz e o braço de Portugal.
Ouvi banqueiros fascistas agiotas do lazer latifundiários machistas balofos verbos de encher e outras coisas em istas que não cabe dizer aqui que aos capitães progressistas o povo deu o poder! E se esse poder um dia o quiser roubar alguém não fica na burguesia volta à barriga da mãe! Volta à barriga da terra que em boa hora o pariu agora ninguém mais cerra as portas que Abril abriu!