sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Testemunho de uma ex-aluna de um colégio do grupo GPS


Mensagem de uma ex-aluna de um professor da Escola Raul Proença, a Leonor (que hoje está no segundo ano da Faculdade, no Porto). O testemunho que nos dá é significativo:

"Professor,
antes de mais, fico feliz por saber que conseguiu ter horário na Raul Proença, por outro fico triste que essa questão se coloque!

Pude hoje ver a reportagem feita pela TVI e posso-lhe dizer que nunca senti tanta vergonha!

Eu própria fui aluna do grupo GPS, eu própria passei anos numa escola sem aquecimento, tendo que assistir às minhas aulas encasacada, enrolada em mantas, eu própria fiquei fechada meses a fio juntamente com uma outra centena de alunos num recreio com pouco mais de 30 metros quadrados durante 5 a 6 meses, também fui vendo os meus professores a trabalharem com o desespero bem expresso porque tinham os seus empregos sempre em jogo.

Eu vi sempre nisto uma normalidade, para mim, ingénua, era quase uma brincadeira dizer que o grupo GPS funcionava mal, para mim, boa aluna, era até bom ver as minhas notas serem constantemente aumentadas, os testes facilitados enquanto, ao mesmo tempo, ia vendo os meus colegas mais fracos sendo atrasados pelas negativas surpreendentes que tiravam sem razão aparente!

Cheguei a achar (o quanto me envergonho disso agora) que tudo isto era normal, que eu, enquanto boa aluna, merecia melhores notas e os meus colegas, que pouco se esforçavam, mereciam essas negativas. Não me apercebendo que também não me esforçava, que surgiam Bons e Muito Bons na minha pauta em testes para os quais eu não tinha sequer estudado... Quando cheguei à Raul Proença, aí sim, dei pela diferença... Aí sim, percebi que tinha capacidade para ser boa aluna, mas não da maneira como tinha sido habituada, não pensando que as notas altas eram algo garantido, que precisaria somente de escrever tudo com matéria bonitinha.

Fui mantendo contacto com professores do CFC (Colégio Frei Cristóvão) que entretanto eram despedidos e só aí comecei a perceber realmente o que eles eram obrigados a passar.

Envergonho-me por ter feito parte disto, envergonho-me por não ter feito nada, envergonho-me por não ter visto o que se passava bem na minha frente!
Professor, isto tudo para dizer que, eu já nem sou aluna de uma escola do Oeste, já nem sou aluna do ensino obrigatório e estou longe, bem longe! Mas que esta mensagem sirva para oferecer a minha ajuda em tudo o que seja possível fazer para tentar melhorar as condições daqueles que ainda são alunos da Raul Proença, da Bordalo e de tantas outras.
Naquilo que precisar, terá a minha ajuda. Sei que poderá não ser muita, mas é verdadeira!"

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