quarta-feira, 4 de abril de 2012

Portugal está dentro de cada um dos que o habitam


Não pude deixar de publicar!


Quando a escolha é mudar o mundo


Dizem-me que devo emigrar. Portugal está perdido, não tem ponta por onde se lhe pegue, argumentam. Vai para a Alemanha, para a América. Vai! Faz a tua vida lá fora, deixa esta gente pequena reduzida ao seu pequeno rectângulo. Vai, tens o mundo a esperar pelo teu talento, tens a promessa de um futuro magnífico. Deixa Portugal, deixa esta miséria. Podias ir para Angola. No Brasil também está a dar! Emigra. Some-te! Vai. Vai-te! Vai.

Mas eu não quero ir.

Portugal merece que eu não vá, que o não abandone aos cães vadios que esperam para o desossar. Portugal merece que eu tente, que eu me esforce para ser mais e melhor. Por isso não quero ir. Não quero ir para terras alheias e solitárias. Quero ficar, quero ficar onde sei que devo ficar. Quero ficar no país que merece o meu melhor, que merece o melhor de todos os que nele habitam. Quero reerguer uma pátria velha e cansada, tornando-a enérgica e sadia.

Portugal merece o esforço, Portugal merece a confiança. Abandoná-lo à mercê dos que o conduzem desgovernadamente seria um ultraje a toda a grandiosidade que o define. Emigrar seria como deixar um recém-nascido na berma, sem amparo. Portugal precisa de se formar, de se educar e de se redescobrir internamente. Para isso, precisa de gente comum disposta a orientá-lo na sua jornada de crescimento pessoal. Portugal é um recém-nascido cuja orientação depende de cada um de nós. Pois o país somos nós que o fazemos.

E Portugal está dentro de cada um dos que o habitam.

Cresci com a certeza de que iria mudar o mundo. Acusem-me de imaturo ou sonhador, mas não duvido de que o farei. Há em mim um implante de inconformismo e desassossego. Mudarei, pelo menos, o meu conceito pessoal de mundo. Quando muitos seguem a tendência secular de abandonar quem está débil e moribundo, eu contrario a decisão (dita) mais lógica e promissora. Querem que eu emigre. Mas eu fico. Bato o pé e fico. Não que o faça resignadamente. Não! Escolho ficar. E mesmo que partisse, partiria para voltar, pois tenho a consciência desperta de que também de mim depende a elevação do meu país ao patamar dos que vivem felizes e com esperança. É por isso que fico, é por isso que não emigro.

Portugal ainda tem esperança. E enquanto acreditar que cada um de nós pode fazer a diferença na sua individualidade, ficarei pela velha e saudosa Lusitânia que, imaterialmente, é já império pelaTerra.

Faço a minha escolha pessoal.

E a minha escolha é mudar o mundo.


Samuel Pimenta

Escritor



1 comentário:

mfc disse...

Eu também quero mudar este mundo...
Não foi aqui que escolhi viver!