A noite vem, caminha descalça
Passos miúdos, pequeninos
Pára e olha-me longamente
Senta-se à minha cabeceira
E, silenciosa, vela, à espera
Depois…
Debruça-se sobre o meu corpo
Tapa-o, enfeita-o com mil estrelas
Um manto negro bordado a prata
E beija-me devagar a pele
Sorve a minha respiração,
Sente o pulsar do meu coração…
Chegas…
Levantas a escuridão pontilhada
De luz, mil focos cintilantes
E os teus olhos doces detêm-se
Primeiro nos meus cabelos
Dourados sobre os ombros nus
Logo...
Descem degrau a degrau
Detendo-se aqui e ali
Vagarosamente, cativando...
Doce chamamento mudo
Languidamente, encolho-me
Um arrepio, um tremor,
Aperto-me num abraço estreito
Abro os olhos, encontro os teus
Inquietos, a bailar...
E a noite calada, terna
Aguarda em silêncio, observa
Os nossos gestos calados
Os nossos corpos, num laço apertado
E avançando ténue, abriga-nos
Suave xaile de escuridade ondeante
Agasalho de beijos ardentes,
De palavras de mel,
De demoradas e repetidas carícias...
Exaustos, adormecemos aninhados,
Cobertos pela noite
estrelada
Mena
2 comentários:
Que beleza de poesia... sente-se cada palavra no lugar certo dos corpos!
Beijinhos,
Degrau a degrau, ficaste poeta de excelência em pouquíssimo tempo.
Adoro os teus poemas. Adoro ler-te. Degrau a degrau...
Beijo, querida amiga Mena.
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