terça-feira, 31 de janeiro de 2012

SOBRE PORTUGAL - Jacques Amaury

"Portugal atravessa um dos momentos mais difíceis da sua história e terá que resolver com urgência, sob o perigo de deflagrar crescentes tensões e consequentes convulsões sociais. Importa em primeiro lugar averiguar as causas. Devem-se sobretudo à má aplicação dos dinheiros emprestados pela CE para o esforço de adesão e adaptação às exigências da união. Foi o país onde mais a CE investiu "per capita" e o que menos proveito retirou. Não se actualizou, não melhorou as classes laborais, regrediu na qualidade da educação, vendeu ou privatizou mesmo actividades primordiais e património que poderiam hoje ser um sustentáculo. Os dinheiros foram encaminhados para auto-estradas, estádios de futebol, constituição de centenas de instituições público-privadas, fundações e institutos, de duvidosa utilidade, auxílios financeiros a empresas que os reverteram em seu exclusivo benefício, pagamento a agricultores para deixarem os campos e aos pescadores para venderem as embarcações, apoios estrategicamente endereçados a elementos ou a próximos deles, nos principais partidos, elevados vencimentos nas classes superiores da administração pública, o tácito desinteresse da Justiça, frente à corrupção galopante e um desinteresse quase total das Finanças no que respeita à cobrança na riqueza, na Banca, na especulação, nos grandes negócios, desenvolvendo, em contrário, uma atenção especialmente persecutória junto dos pequenos comerciantes e população mais pobre. A política lusa é um campo escorregadio onde os mais hábeis e corajosos penetram, já que os partidos cada vez mais desacreditados, funcionam essencialmente como agências de emprego que admitem os mais corruptos e incapazes, permitindo que com as alterações governativas permaneçam, transformando-se num enorme peso bruto e parasitário. Assim, a monstruosa Função Publica, ao lado da classe dos professores, assessoradas por sindicatos aguerridos, de umas Forças Armadas dispendiosas e caducas, tornaram-se não uma solução, mas um facto de peso nos problemas do país. Não existe partido de centro já que as diferenças são apenas de retórica, entre o PS (Partido Socialista) e o PPD/PSD (Partido Popular/Social Democrata), de direita, agora mais conservador ainda, com a inclusão de um novo líder, que tem um suporte estratégico no PR e no tecido empresarial abastado. Mais à direita, o CDS (Partido Popular), com uma actividade assinalável, mas com telhados de vidro e linguagem pública, diametralmente oposta ao que os seus princípios recomendam e praticarão na primeira oportunidade. À esquerda, o BE (Bloco de Esquerda), com tantos adeptos como o anterior, mas igualmente com uma linguagem difícil de se encaixar nas recomendações ao Governo, que manifesta um horror atávico à esquerda, tal como a população em geral, laboriosamente formatada para o mesmo receio. Mais à esquerda, o PC (Partido comunista) menosprezado pela comunicação social, que o coloca sempre como um perigo latente e uma extensão inspirada na União Soviética, oportunamente extinta, e portanto longe das realidades actuais. Assim, não se encontrando forças capazes de alterar o status, parece que a democracia pré-fabricada não encontra novos instrumentos. Contudo, na génese deste beco sem aparente saída, está a impreparação, ou melhor, a ignorância de uma população deixada ao abandono, nesse fulcral e determinante aspecto. Mal preparada nos bancos das escolas, no secundário e nas faculdades, não tem capacidade de decisão, a não ser a que lhe é oferecida pelos órgãos de Comunicação. Ora é aqui está o grande problema deste pequeno país; as TVs as Rádios e os Jornais, são na sua totalidade, pertença de privados ligados à alta finança, à industria e comercio, à banca e com infiltrações accionistas de vários países. Ora, é bem de ver que com este caldo, não se pode cozinhar uma alimentação saudável, mas apenas os pratos que o "chefe" recomenda. Daí a estagnação que tem sido cómoda para a crescente distância entre ricos e pobres. A RTP, a estação que agora engloba a Rádio e TV oficiais, está dominada por elementos dos dois partidos principais, com notório assento dos sociais-democratas e populares, especialistas em silenciar posições esclarecedoras e calar quem levanta o mínimo problema ou dúvida. A selecção dos gestores, dos directores e dos principais jornalistas é feita exclusivamente por via partidária. Os jovens jornalistas, são condicionados pelos problemas já descritos e ainda pelos contratos a prazo determinantes para o posto de trabalho enquanto, o afastamento dos jornalistas seniores, a quem é mais difícil formatar o processo a pôr em prática, está a chegar ao fim. A deserção destes, foi notória. Não há um único meio ao alcance das pessoas mais esclarecidas e por isso, "non gratas" pelo establishment, onde possam dar luz a novas ideias e à realidade do seu país, envolto no conveniente manto diáfano que apenas deixa ver os vendedores de ideias já feitas e as cenas recomendáveis para a manutenção da sensação de liberdade e da prática da apregoada democracia. Só uma comunicação não vendida e alienante, pode ajudar a população, a fugir da banca, o cancro endémico de que padece, a exigir uma justiça mais célere e justa, umas finanças atentas e cumpridoras, enfim, a ganhar consciência e lucidez sobre os seus desígnios."

Cavaco Silva ensina-nos como fazer uma escritura!

E ainda está por nascer um homem mais honesto do que este…se tem como referências os amigos do BPN ou de Duarte Lima, o homem só pode considerar-se um verdadeiro deus!

(Se têm casa à venda e querem adquirir outra não vendam, permutem. Mas atenção, só desta maneira!)

No dia 9 de Julho de 1998, a notária Maria do Carmo Santos deslocou-se ao escritório de Fernando Fantasia, na empresa industrial Sapec, Rua Vítor Cordon, em Lisboa, para proceder a uma escritura especial.

O casal Cavaco Silva (cerimoniosamente identificados com os títulos académicos de "Prof. Dr." e "Dra.") entregava a sua casa de férias em Montechoro, Albufeira, e recebia em troca da Constralmada - Sociedade de Construções Lda. uma nova moradia no mesmo concelho. Ambas foram avaliadas pelas partes no mesmo valor: 135 mil euros. Este tipo de permutas, entre imóveis do mesmo valor, está isento do pagamento de sisa, o imposto que antecedeu o IMI, e vigorava à época.

Mas a escritura refere, na página 3, que Cavaco Silva recebe um "lote de terreno para construção", omitindo que a vivenda Gaivota Azul, no lote 18 da Urbanização da Coelha, já se encontrava em construção há cerca de nove meses.

Segundo o "livro de obras" que faz parte do registo da Câmara Municipal de Albufeira, as obras iniciaram-se em 10 de Outubro do ano anterior à escritura, em 1997.

Tal como confirma Fernando Fantasia, presente na escritura, e dono da Opi 92, que detinha 33% do capital da Constralmada, que afirmou, na quinta-feira, 20, à VISÃO que o negócio escriturado incluía a vivenda.

"A casa estava incluída, com certeza. Não há duas escrituras.

"Fantasia diz que a escritura devia referir "prédio", mas não é isso que ficou no documento que pode ser consultado no cartório notarial de António José Alves Soares, em Lisboa, e que o site da revista Sábado divulgou na quarta-feira à tarde.

Ou seja, não houve lugar a qualquer pagamento suplementar, por parte de Cavaco Silva à Constralmada.

A vivenda Mariani, mais pequena, e que na altura tinha mais de 20 anos, foi avaliada pelo mesmo preço da Gaivota Azul, com uma área superior (mais cerca de 500 metros quadrados), nova, e localizada em frente ao mar.

Fernando Fantasia refere que Montechoro "é a zona cara" de Albufeira e que a Coelha era, na altura, "uma zona deserta", para justificar a avaliação feita.

A Constralmada fechou portas em 2004.

Fernando Fantasia não sabe o que aconteceu à contabilidade da empresa.

O empresário, amigo de infância e membro da Comissão de Honra da recandidatura presidencial de Cavaco Silva, não se recorda se houve "acerto de contas" entre o proprietário e a construtora.

"Quem é que se lembra disso agora? A única pessoa que podia lembrar-se era o senhor Manuel Afonso [gerente da Constralmada], que já morreu, coitado..."

No momento da escritura, Manuel Afonso não estava presente.

A representar a sociedade estavam Martinho Ribeiro da Silva e Manuel Martins Parra.

Este último, já não pertencia à Constralmada desde 1996, data em que renunciou ao cargo de gerente.

Parra era, de facto, administrador da Opi 92.

Outro interveniente deste processo é o arquitecto Olavo Dias, contratado para projectar a casa de Cavaco Silva nove meses antes de este ser proprietário do lote 18.

Olavo Dias é familiar do Presidente da República, por afinidade, e deu andamento ao projecto cujo alvará de construção foi aprovado no dia 22 de Setembro de 1997.

A "habitação com piscina" que ocupa "620,70 m2" num terreno de mais de1800, é composta por três pisos, e acabou de ser construída, segundo os registos da Câmara a 6 de Agosto de 1999.

A única intervenção de Cavaco Silva nas obras deu-se poucos dias antes da conclusão, a 21 de Julho de 1999, quando requereu a prorrogação do prazo das obras (cujo prazo caducara em 25 de Junho).

A família Cavaco Silva ocupa, então, a moradia, em Agosto.

A licença de utilização seria passada quatro meses depois, a 3 de Dezembro, pelo vereador (actual edil de Albufeira, do PSD) Desidério Silva, desrespeitando, segundo revela hoje a edição do Público, um embargo camarário à obra, decretado em Dezembro de 1997, e nunca levantado.

A VISÃO não conseguiu obter nenhum comentário do Presidente da República.


Aprendam com o nosso presidente, pois ele, só vai estar mais uns anitos.....



Mas o que é isto?

Recebi por email


Diário da República, 2.ª série -- N.º 217 -- 11 de Novembro de 2011

Gabinete do Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais

Despacho n.º 15296/2011

Nos termos e ao abrigo do artigo 11.º do Decreto -Lei n.º 262/88, de 23 de Julho, nomeio o mestre João Pedro Martins Santos, do Centro deEstudos Fiscais, para exercer funções de assessoria no meu Gabinete,em regime de comissão de serviço, através do acordo de cedência deinteresse público, auferindo como remuneração mensal, pelo serviço de origem, a que lhe é devida em razão da categoria que detém,acrescida de dois mil euros por mês, diferença essa a suportar pelo orçamento do meu Gabinete, com direito à percepção dos subsídios de férias e de Natal.

O presente despacho produz efeitos a partir de 1 de Setembro de 2011.

9 de Setembro de 2011. -- O Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais,

Paulo de Faria Lince Núncio.

205324505

Expliquem-me como se eu fosse retardado. (ou talvez seja).

SALÁRIO + 2.000,00 EUR + SUBSIDIO DE FÉRIAS + SUBSIDIO DE NATAL (em regime de comissão de serviço).

Se o Sr. foi emprestado por um organismo do Estado a outro organismo de Estado, porquê o acréscimo dos 2.000,00 euros ao salário ?????????????? Mais a 'excepção' dos subsídios!!!!!!!!!!

O despacho é de 11 de Novembro de 2011

let's play a while...

Começa já amanhã!

Será com ou sem acordo ortográfico?

Os Lusíadas - Proposição, Invocação, Dedicatória


Aqui, aqui, aqui e aqui!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A Mena na cozinha

400g de carne picada
2 ovos
1 cebola
1 cenoura
1 pimento verde
4 dentes de alho
polpa de tomate
2 ou 3 colheres de sopa de pão ralado
salsa
farinha ou pão ralado
sal
pimenta
vinho branco

Corte a cenoura, o pimento, um dente de alhos e a cebola em pedaços pequenos. Pique os outros alhos finamente.
Misture num tigela a carne com os alhos, os ovos e o pão ralado. Tempere com sal e pimenta.
Dê às almôndegas e passe-as por farinha ou por pão ralado (ficam melhores com pão ralado!).
Faça uma cama com os legumes na sua MasterChef e disponha por cima as almôndegas.

Regue-as com a polpa de tomate e com 2 ou 3 colheres de vinho branco, e feche a tampa. Seleccione a função Chef, para 30 minutos, e carregue na tecla Início.

Sirva com batatas cozidas, cortadas às rodelas.
Bom apetite!

Grande pai!

Breve introdução ao estudo de Os Lusíadas


Aqui!

A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho


Aqui!

sábado, 28 de janeiro de 2012

Concerto com taças tibetanas e gongos


Foi uma experiência única, mas sinto que não vou conseguir explicá-la convenientemente.
Chegámos munidos de um pequeno colchão ou saco-cama e uma manta. Foi-nos dito que deixássemos casacos, malas, sapatos... para trás e que nos dirigíssemos para a sala contígua. Assim fizemos! Arranjámos um espaço, éramos cinco, colocámos os colchões, sentámo-nos e aguardámos... Em frente a nós estava todo um arsenal de objectos (taças, tacinhas, gongos, címbalos... ) e água. O Nuno estava sentado virado para nós e começou por explicar em que consistia aquele concerto. Que nos puséssemos numa posição confortável, de barriga para baixo ou para cima e que seguíssemos atentamente as suas indicações... Começámos com alguns exercícios respiratórios...
Pouco depois, o som dos vários objectos e da água fizeram-nos entrar noutra dimensão.
Comecei por sentir uma paz interior enorme, um vazio, as mãos pareciam-me muito pesadas e decidi mexer os dedos, pois parecia-me incapaz de o fazer; mil pensamentos tomaram conta da minha cabeça, muitos, uns a seguir aos outros, memórias recentes atrapalhavam outras mais antigas; mexi a cabeça para um lado e para o outro, para enxotar os pensamentos que se atropelavam continuamente (pensei: mas como queres relaxar com a cabeça repleta, cheia?) Afinal era normal! De repente, senti como que um apagão, creio que adormeci a ouvir os mil sons conjugados lá muito longe... Senti frio, um frio fininho da cintura para cima, aconcheguei melhor a manta, mas o frio não se foi... E, assim como apaguei, logo regressei com o som que indicava o final do concerto. Abri os olhos e o frio foi-se... Depois fomos embalados pela voz suave e doce do Nuno e sentia-se uma paz completamente indiscritível naquele espaço, parecia não haver mais nada, só paz e bem-estar...
Uma experiência a repetir!
As fotos são daqui!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Para que o mundo jamais se esqueça do holocausto...

"Holocausto" é uma palavra de origem grega que significa "sacrifício pelo fogo". O significado moderno do Holocausto é o da perseguição e extermínio sistemático, apoiado pelo governo nazista, de cerca de seis milhões de judeus. Os nazistas, que chegaram ao poder na Alemanha em janeiro de 1933, acreditavam que os alemães eram "racialmente superiores" e que os judeus eram "inferiores", sendo uma ameaça à auto-entitulada comunidade racial alemã.

Durante o Holocausto as autoridades alemãs também destruíram grandes partes de outros grupos considerados "racialmente inferiores": os ciganos, os deficientes físicos e mentais, e eslavos (poloneses, russos e de outros países do leste europeu). Outros grupos eram perseguidos por seu comportamento político, ideológico ou comportamental, tais como os comunistas, os socialistas, as Testemunhas de Jeová e os homossexuais.

Daqui!


Lei para a Proteção do Sangue e da Honra Alemães

de 15 de setembro de 1935

Firmemente persuadido de que a pureza do sangue alemão é a condição primordial da duração futura do Povo Alemão, e animado da vontade inabalável de garantir a existência da Nação Alemã nos séculos seguintes, o Reichstag aprovou por unanimidade a seguinte lei, agora promulgada:

Art. 1º - 1) São proibidos os casamentos entre judeus e cidadãos de sangue alemão ou aparentado. Os casamentos celebrados apesar dessa proibição são nulos e de nenhum efeito, mesmo que tenham sido contraídos no estrangeiro para iludir a aplicação desta lei.
2) Só o procurador pode propor a declaração de nulidade.

Art. 2º - As relações extra-matrimoniais entre Judeus e cidadãos de sangue alemão ou aparentado são proibidas.

Art. 3º - Os Judeus são proibidos de terem como criados em sua casa cidadãos de sangue alemão ou aparentado com menos de 45 anos...

Art. 4º - 1) Os Judeus ficam proibidos de içar a bandeira nacional do Reich e de envergarem as cores do Reich.
2) Mas são autorizados a engalanarem-se com as cores judaicas.
O exercício dessa autorização é protegido pelo Estado.

Art. 5º - 1) Quem infrigir o artigo 1º será condenado a trabalhos forçados.
3) Quem infrigir os arts. 3º e 4º será condenado á prisão que poderá ir até um ano e multa, ou a uma ou outra destas duas penas.

Art. 6º - O Ministro do Interior do Reich, com o assentimento do representante do Führer e do Ministro da Justiça, publicarão as disposições jurídicas e administrativas necessárias à aplicação desta lei.

Nürnberg, 15 de setembro de 1935


Os poemas aqui escolhidos, alguns com tradução inédita, reportam três contextos distintos: peças escritas durante o holocausto por quem o viveu, enquanto o vivia; peças escritas por sobreviventes do holocausto que testemunham o que viveram, anos depois de o terem vivido; peças escritas por poetas de todo o mundo que quiseram dessa forma associar-se aos testemunhos de quem sobreviveu ao horror nazi.

Reunimos assim documentos históricos, fontes historiográficas e narrativas literárias. Seja qual for, contudo, a proveniência e o contexto que deram origem a estes poemas, todos transportam uma única mensagem: a de que a escrita desempenha uma função redentora e esclarecedora na vida de quem escreve.

Que, quando atravessamos tempos de cólera, a escrita representa uma medicina quotidiana que acalma e ensina. Uma forma de tentar perceber e de tentar captar uma conciliação entre as sombras e a luz. Uma busca pelas melhores palavras, as que definam com natural clareza a melhor forma de ultrapassar os nossos pavores e as nossas aflições.

A escrita poética, como toda a arte, passa a ser entendida como o mecanismo confidencial, a ferramenta privada, que se manuseia para construir um conhecimento, continuamente emendado, de todas as coisas e de nós mesmos.


Rui Correia



Janusz Korczak, sobrevivente do Holocausto

A oração do Ghetto

Pai nosso que estais no céu

Esta oração foi talhada em fome e miséria

O pão nosso de cada dia

Pão.


Avrom Sutzkever, sobrevivente do Holocausto
July 10, 1944

Já viram, em campos de neve, Judeus congelados

fila a fila? Formas de mármore azul estendidas

Sem respirar, sem morrer.

Algures, a centelha de uma alma gelada – bulício

De peixe num poço gelado. Em ninhada. Discurso

E silêncio são um só. A neve nocturna encerra

O sol

Um sorriso brilha imóvel de um lábio gelado de rosa.

Bebé e mãe, lado a lado. Estranho

Que o seu mamilo secou.

Punho, fincado no gelo, de um velho nu: o

Poder por terminar da sua mão. Já provei

Morte de todas as formas. Nada surpreende.

No entanto, a geada em Julho neste calor – um maluco

Assalto na rua. Eu e um carniceiro

Cara a cara. Judeus congelados num lugar nevado.

Mármore cobre a minha pele. As palavras esmorecem. A luz

Cresce magra. Estou congelado. Enraizado num lugar

Como o homem velho nu quebrado pelo gelo.


Dunio Bernhaut, sobrevivente do Holocausto

Serei capaz de me lembrar para sempre?

Serei eu capaz de me esquecer

Ou a sentença é perpétua e ditada conclusivamente?

Irão as memórias desvanecer?

Pode o tormento diminuir?

Ou é um ciclo interminável como ao sabor de uma maré?

Libertar-me-á a tristeza?

Poderei alguma vez sentir alegria

Ou o destino ainda reserva um truque inclemente ?

Reconhecer-me-á alguém?

Posso eu ser visto através da névoa

Ou a imagem é evasiva, um labirinto intrincado?

Será que a minha vida servirá um propósito?

Foi ela cuidadosamente planeada

Ou é apenas o destino a juntar mais um grânulo de areia?

Como visões sombrias escondidas em medo

Quase todas as respostas fugidias, opacas e encobertas

Mas estas tão translúcidas através de um manto de arrependimento:

Sim, serei capaz de me lembrar para sempre; Não, eu não posso esquecer…


Alexander Kimel , sobrevivente do Holocausto

Não posso esquecer

(A acção no ghetto de Rohatyn, Março de 1942)

Quererei eu recordar?

O ghetto em paz, antes do raide.

As crianças a tremer como folhas ao vento.

As mães procurando um pedaço de pão.

Sombras, com pernas inchadas, movendo-se com medo.

Não, não me quero lembrar, mas como posso eu esquecer?

Quererei eu recordar a criação do Inferno?

Os gritos dos salteadores, excitados com a caça.

Choros dos feridos, suplicando por vida.

As caras das mães vincadas de dor.

Escondendo os seus filhos, destroçados de medo

Não, não me quero lembrar, mas como posso eu esquecer?

Quererei eu recordar, o meu temido regresso?

Famílias desaparecidas em pleno dia.

A vala comum nublada com o vapor do sangue

Mães à procura dos seus filhos, em vão.

A dor do Ghetto corta como uma faca.

Não, não me quero lembrar, mas como posso eu esquecer?

Quererei eu recordar, o lamento da noite?

As portas pontapeadas, penas rasgadas a flutuar.

A noite que cheira a sangue derretendo a neve.

Enquanto a lua por compaixão, indica o caminho.

Às sombras desfiguradas, procurando familiares.

Não, não me quero lembrar, mas como posso eu esquecer?

Quererei eu recordar, este mundo virado ao contrário?

Onde os defuntos são abençoados com uma morte rápida

Enquanto os vivos são condenados a uma curta e medonha vida,

E a uma longa, tortuosa viagem até um lugar sem nome,

Convertendo Almas Vivas em cinzas e gás.

Não. Eu Tenho de Recordar e Nunca Te Deixar Esquecer?


Martin Niemoller

(pastor protestante, prisioneiro em Sachsenhausen durante mais de sete anos)

E não sobrou ninguém

Quando os nazis levaram os comunistas,

eu calei-me, porque, afinal, eu não era comunista.

Quando eles prenderam os sociais-democratas,

eu calei-me, porque, afinal, eu não era social-democrata.

Quando eles levaram os sindicalistas,

eu não protestei, porque, afinal, eu não era sindicalista.

Quando levaram os judeus,

eu não protestei, porque, afinal, eu não era judeu.

Quando eles me levaram, não havia mais quem protestasse"


Barbara Sonek, Estados Unidos da América

Nós brincámos, nós rimos

Nós éramos amados.

Fomos arrancados dos braços dos nossos

Pais e atirados ao fogo.

Não éramos mais do que crianças.

Nós tínhamos um futuro. Nós íamos ser

Advogados, rabis, esposas, professores, mães.

Nós tínhamos sonhos, depois ficámos sem esperança.

Fomos levados no escuro da noite

Como gado em carroças, sem ar para respirar

Abafados, a chorar, esfomeados, a morrer.

Separados de um mundo que não voltaria.

Das cinzas, ouçam a nossa súplica. Esta

atrocidade à Humanidade não pode acontecer

outra vez. Lembrem-se de nós, porque nós fomos as

crianças cujos sonhos e vidas nos

foram roubados.


Sudeep Pagedar, Índia

Como é que tu

Explicas aquela palavra

A um rapaz

De dez anos

Que, um dia,

O ouve mencionado

Por parentes seus?

E mesmo que

Tu consigas

Fazê-lo

Entender o que

Realmente significa,

Tu também lhe dizes que

Porque ele é

UM JUDEU ALEMÃO

Talvez, um dia

Ele poderá ser

Incluído nela…?

Ou dever-se-á

Simplesmente, não lhe

Dizer, para que

Ele se mantenha calmo

E não perca

O sono por causa disso?

Mas o que é o sono

Perante a morte?

Talvez a Morte seja maior,

Talvez os dois sejam o mesmo;

Nós não o sabemos ainda

Mas vamos saber, ao fim do dia;

As Câmaras estão ainda a algumas horas de distância.

“Morrer, dormir… dormir, porventura sonhar”

Como sabia Shakespeare disto?

Conheceu ele algum judeu

Que foi também perseguido?

Talvez ele estivesse errado,

Talvez estivesse certo…

Em todo o caso, suspeito que descobriremos

Esta noite.


Gershon Hepner, Alemanha

“Voltará a existir outro holocausto?”

Perguntaram ao Rabi de Lubavitch

Não lhe foi difícil responder

“Claro que vai acontecer. O Homem é selvagem.”

“Quando voltará a acontecer?”, inquiriram eles.

“Morgen in der frih, ”, disse ele

Amanhã, de manhãzinha, concluiu

E milhões já estão mortos

Aconteceu no Ruanda e no Sudão

À medida que olhámos em silêncio

“Não podia acontecer aqui”, dizemos nós. Pode,

E milhões mais desaparecerão em breve.