O acordo ortográfico, que está no centro das preocupações em relação ao futuro do português, é uma medida de engenharia política que provoca o empobrecimento da Língua Portuguesa, disse esta quinta-feira, em Lisboa, José Pacheco Pereira.
"O acordo ortográfico é a típica medida de engenharia política. É a ideia de que, a partir da política, pode-se moldar a língua, moldando, neste caso, a grafia", declarou Pacheco Pereira.
O ex-deputado do PSD fez estas declarações à margem da conferência "A Sociedade Civil no Plano de Acção de Brasília", na Academia das Ciências de Lisboa, evento que abordou o envolvimento da sociedade civil na promoção e divulgação da Língua Portuguesa no mundo.
"Do meu ponto de vista, isso (o acordo ortográfico) é muito empobrecedor em relação à riqueza do português", referiu o também comentador político.
De acordo com Pacheco Pereira, está-se a "assistir ao empobrecimento sucessivo do português, por problemas de leitura, porque o vocabulário circulante é cada vez menor".
"Uma sociedade que tem dificuldades em exprimir pensamentos complexos, que tem dificuldades em usar de forma criadora a sua própria língua, uma sociedade que fala como se enviasse mensagens no Twitter ou SMS, portanto de uma forma mais ou menos gutural, perde a sua riqueza e o acordo ortográfico acelera esse processo", acrescentou o ex-deputado.
"O acordo está a ser empurrado pela maior das forças, que é a inércia. Está a ser introduzido no ensino, nos órgãos de comunicação social um bocado à revelia, esta força da inércia é muito grande e vai abastardar a língua portuguesa", sublinhou Pacheco Pereira.
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