Valha, neste confuso mundo obramos,
E o mesmo útil para nós perdemos
Connosco, cedo, cedo.
O prazer do momento anteponhamos
À absurda cura do futuro, cuja
Certeza única é o mal presente
Com que o seu bem compramos.
Amanhã não existe. Meu somente
É o momento, eu só quem existe
Neste instante, que pode o derradeiro
Ser de quem finjo ser?
Ricardo Reis
Corte a carne em cubos. Na picadora, junte os alhos e o sal e reduza a puré.O tema deste poema é a efemeridade da vida e a consequente necessidade de viver o momento presente.
Esta ideia de transitoriedade das coisas surge logo na primeira estrofe ("Pois que nada dure") e é confirmada pela certeza de que mesmo "durando" perde a utilidade "neste confuso mundo". Estas certezas fazem com que o sujeito lírico faça a apologia do "prazer do momento", apesar de este constituir "o mal presente". E é a consciência aguda da sua fragilidade que o leva a afirmar que ele é "o derradeiro / Ser de quem" finge ser.
A filosofia de vida aqui expressa por Ricardo Reis é a do "carpe diem" horaciano e a de Epicuro, uma vez que aqui se revela a importância de gozar o momento presente, tirando apenas o prazer desse instante, apelando à racionalização das emoções e à necessidade de comprazimento com aquilo que a vida no presente lhe oferece. O estoicismo é também visível uma vez que as paixões não são aqui expressas, mas sim a auto-disciplina e auto-controlo defendidos pelos estóicos.
O sujeito poético considera que "o mal presente" é preferível "À absurda cura do futuro". Atendendo a que a vida é fugaz, é preferível viver aquilo que no momento temos, a esperar mudanças futuras, que poderão até nem serem vividas por nós. Além disso, "o mal presente" é a única certeza que possui, mesmo porque o futuro é desconhecido e nada garante que o que aí vamos encontrar não seja tanto ou mais absurdo do que aquilo que vemos no presente. Parece, pois, aceitável afirmar que o sujeito lírico tem medo de um futuro desconhecido e, por isso, prefere contar com o que tem e não ficar à espera que o futuro traga alguma "cura", alguma solução.
O último verso do poema parece remeter para a impossibilidade de o homem controlar os seus actos, o seu destino. Quando se interroga sobre o poder de um ser que apenas pode ser fingimento, uma vez que o que está para além dos limites do tempo pode ser um mistério, verifica-se que é esse mistério que comanda o próprio homem, é uma espécie de destino trágico que apenas permite viver parcelarmente. Contrariamente ao que seria de esperar, dado que Ricardo Reis é o poeta da razão, o sujeito poético não assume uma atitude antropocêntrica, muito pelo contrário, há uma certa desresponsabilização ao afirmar a sua impotência face ao fluir inexorável da vida humana.
Os recursos estilísticos que sobressaem no texto são característicos da poética de Ricardo Reis. Por isso, temos a metáfora ("Com que seu bem compramos"), assim como uma antítese, uma vez que se pretende comprar o bem que o mal encerra, transmitindo a ideia de desagregação e de desconcerto do sujeito lírico; o hipérbato, verificável ao longo de todo o poema, mas que revela o gosto pela estrutura frásica latina ("O prazer do momento anteponhamos") e o emprego dos verbos no presente do indicativo ("perdemos", "é", "compramos", "existe", "finjo"), no gerúndio ("durando") e no presente do conjuntivo com valor exortativo, ou seja, apelativo ("obramos", anteponhamos").
Esta ideia de transitoriedade das coisas surge logo na primeira estrofe ("Pois que nada dure") e é confirmada pela certeza de que mesmo "durando" perde a utilidade "neste confuso mundo". Estas certezas fazem com que o sujeito lírico faça a apologia do "prazer do momento", apesar de este constituir "o mal presente". E é a consciência aguda da sua fragilidade que o leva a afirmar que ele é "o derradeiro / Ser de quem" finge ser.
A filosofia de vida aqui expressa por Ricardo Reis é a do "carpe diem" horaciano e a de Epicuro, uma vez que aqui se revela a importância de gozar o momento presente, tirando apenas o prazer desse instante, apelando à racionalização das emoções e à necessidade de comprazimento com aquilo que a vida no presente lhe oferece. O estoicismo é também visível uma vez que as paixões não são aqui expressas, mas sim a auto-disciplina e auto-controlo defendidos pelos estóicos.
O sujeito poético considera que "o mal presente" é preferível "À absurda cura do futuro". Atendendo a que a vida é fugaz, é preferível viver aquilo que no momento temos, a esperar mudanças futuras, que poderão até nem serem vividas por nós. Além disso, "o mal presente" é a única certeza que possui, mesmo porque o futuro é desconhecido e nada garante que o que aí vamos encontrar não seja tanto ou mais absurdo do que aquilo que vemos no presente. Parece, pois, aceitável afirmar que o sujeito lírico tem medo de um futuro desconhecido e, por isso, prefere contar com o que tem e não ficar à espera que o futuro traga alguma "cura", alguma solução.
O último verso do poema parece remeter para a impossibilidade de o homem controlar os seus actos, o seu destino. Quando se interroga sobre o poder de um ser que apenas pode ser fingimento, uma vez que o que está para além dos limites do tempo pode ser um mistério, verifica-se que é esse mistério que comanda o próprio homem, é uma espécie de destino trágico que apenas permite viver parcelarmente. Contrariamente ao que seria de esperar, dado que Ricardo Reis é o poeta da razão, o sujeito poético não assume uma atitude antropocêntrica, muito pelo contrário, há uma certa desresponsabilização ao afirmar a sua impotência face ao fluir inexorável da vida humana.
Os recursos estilísticos que sobressaem no texto são característicos da poética de Ricardo Reis. Por isso, temos a metáfora ("Com que seu bem compramos"), assim como uma antítese, uma vez que se pretende comprar o bem que o mal encerra, transmitindo a ideia de desagregação e de desconcerto do sujeito lírico; o hipérbato, verificável ao longo de todo o poema, mas que revela o gosto pela estrutura frásica latina ("O prazer do momento anteponhamos") e o emprego dos verbos no presente do indicativo ("perdemos", "é", "compramos", "existe", "finjo"), no gerúndio ("durando") e no presente do conjuntivo com valor exortativo, ou seja, apelativo ("obramos", anteponhamos").
A Mena na cozinha
Carne de porco com amêijoas
Carne de porco com amêijoas
1 lombo de porco
2 colheres de polpa de pimentão
2 colheres de polpa de tomate
piripiri ou malagueta em conserva
pimenta
2 kg de amêijoa
1 cabeça de alhos grande
sal
2 colheres de polpa de pimentão
2 colheres de polpa de tomate
piripiri ou malagueta em conserva
pimenta
2 kg de amêijoa
1 cabeça de alhos grande
sal
azeite
vinho branco
vinho branco
Junte a pasta dos alhos à carne, a polpa de tomate e de pimentão, o piripiri, a pimenta e o vinho. Misture bem. Deixe a marinar, pelo menos uma hora.
Leve um tacho ao lume com 1 dl de azeite. Escorra a carne e frite-a no azeite quente.Retire a carne, quando estiver cozida. Deite as amêijoas no molho da fritura da carne e deixe-as abrir em lume brando.
Quando as amêijoas estiverem abertas, junte a marinada e a carne, misturando bem e deixando apurar um pouco.
Sirva com batatas fritas e salada.
Bom apetite!
Trabalhinho:
Sirva com batatas fritas e salada.
Bom apetite!
Trabalhinho:
2 comentários:
Olá Mena
Realmente o amanhã poderá não existir...
O momento sim!
Volto para jantar.
Gostei muito do colar.
Bjs.
Pra mim o dia sempre será o HOJE.
Não sei o que anda mais cheiroso por aqui, seus textos ou essa sua comida.
Adoro!
Beijo imenso, menina linda.
Rebeca
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