sábado, 21 de agosto de 2010

Vinho da mesma cepa



Logo pela manhã, tivemos de ir buscar a ti Celeste aos Casais do Morgado para irmos ao pinhal. Era preciso limpar os pinheiros, cortar-lhes alguns ramos que estavam a impedir o crescimento dos outros pinheirinhos mais novos, bem mais pequenos e finos. Este corte também é essencial para que os troncos dos pinheiros engrossem.

Para ir para o pinhal, o meio de transporte utilizado é o tractor. E lá fomos por caminhos estreitos ladeados de árvores frondosas carregadinhas de frutos, silvados cheios de amoras pretas e vermelhas…

Pelo caminho, o ti Joaquim decidiu explicar-nos o que significava Morgado:

- Morgado quer dizer mais velho, ou seja, maior pelo nascimento.

- Pois, a palavra morgado vem da expressão latina “maior natu” – disse eu.

- Antigamente, o morgado de uma casa era o filho mais velho, era aquele que sucedia a seu pai, na posse dos bens da casa, quando estes não podiam ser divididos ou vendidos – informou-nos ainda o ti Joaquim.

Chegámos ao pinhal e os homens munidos de serrotes começaram a cortar ramos e raminhos, troncos e tronquinhos. As mulheres, umas puxavam as trancas cortadas para o lado, desimpedindo o caminho; outras apanhavam algumas pinhas; eu e a minha filha decidimos percorrer o local e tirar algumas fotografias.

Quando regressámos, olhámos para o trabalho e achámos que não estava grande coisa: os pinheiros, de um lado tinham hastes e ramos, do outro ficaram quase depenados. Comecei a dizer ao meu marido que desbastasse em volta do pinheiro e não só de um lado. O ti Joaquim que não era preciso, que assim já estava bom, que os pinheirinhos já não estavam asfixiados e podiam crescer à vontade, que era trabalho que não valia a pena, que… que… que… E a minha filha que os pinheiros estavam horríveis, que era uma questão de estética, que as arvorezinhas se se vissem ao espelho morriam de desgosto de tão feias que se veriam, que assim, que assado, que… que… que…

O meu marido pegou no serrote e decidiu acertar os pinheiros, ou seja, cortar os ramos à volta das árvores, deixando-os mais atraentes, com os ramos mais simétricos.

- Ó ti Joaquim, a menina tem uma certa razão! Os pinheiros estão muito mais bonitos! – exclamou o ti João.

Terminado o trabalho ali, subimos de novo para o tractor e rumámos a casa para fazer o almoço.

Ouviu-se um apito ao longe, a ti Maria pegou na carteira e saiu rapidamente. Pouco depois, chegava com um saco de sardinhas fresquinhas e alguns carapaus. O almoço seria peixe assado com batatas cozidas com a pele e salada de tomate e pepino.

Enquanto se preparava o almoço, a minha filha fotografava borboletas, aranhas e gafanhotos. A ti Alice apanhou tomates e pepinos e foi preparar a salada.

A ti Maria anunciou que de tarde íamos fazer doce e compota e que era preciso ir apanhar fruta.

Apontou-nos uns baldes pretos e disse que fossemos colher uvas.

Estava uma cesta de verga muito bonitinha em cima de uma tina e eu achei que as uvas ficariam lindíssimas na cestinha com umas folhas verdes por baixo. A ti Celeste disse logo:

- Vamos às uvas com um balde e depois escolhemos as mais bonitas e colocamos na cesta.

Peguei num balde e lá fui. Comecei a colher os cachos e a limpá-los dos bagos podres, dos bagos secos, dos bagos rachados… E, quando estavam com um ar mais apresentável, dispunha-os, cuidadosamente, no fundo do balde forrado com folhas de videira. Volvidos alguns minutos, estavam todos à minha volta, a olhar e a sorrir:

- Ó senhora professora, falta muito? – perguntou a ti Almerinda.

Olhei para os baldes atulhados de uvas e o meu apenas com meia dúzia de cachos.

- Para encher o balde? Sim, um bocadinho. – respondi.

- Pelo andar da carruagem, não almoçamos hoje – disse o meu marido trocista.

- Ah, mas as uvas da mãe não são para fazer doce, são para comer! As vossas estão com um aspecto desgraçado – disse a minha filha aprovando o meu trabalho, enquanto nos encaminhávamos para casa.

- Ó senhora professora, as suas uvas vieram de onde? – perguntou a ti Maria, prosseguindo admirada:

- Nem parece vinho da mesma cepa! Tem a certeza que não as comprou por aí a algum vendedor?

- Pronto, já sabemos que as uvas da senhora professora é que são boas!...




A Mena na cozinha

Salada de grão

1 lata de grão cozido
1 pepino pequeno
2 tomates
1 pimento vermelho assado
1 cebola
salsa
2 latas de atum
canónigos
4 ovos cozidos
sal
pimenta
azeite
vinagre

Abra a lata de grão; corte o pepino e o tomate aos cubinhos; pique a cebola e a salsa; desfie o atum;

corte o pimento aos quadradinhos e os ovos aos bocadinhos, reservando um para enfeitar.

Junte os canónigos e misture tudo muito bem. Tempere, enfeite com o ovo e sirva.
Bom apetite!





Trabalhinho:





1 comentário:

Nile e Richard disse...

Oi Nena.
Tudo por aqui está muito bonito.
A sua cozinha me parece saborosa.Os trabalhinhos estão lindos.
Boa semaninha para voce.
bjtos.Nile.