Os nossos olhos estenderam-se pela plana e extensa terra húmida e deslumbraram-se com a beleza daquela paisagem molhada que se estendia a perder de vista para Sul, entre a pequena montanha e a aldeia. Ficámos entusiasmados com o número de aves que sobrevoavam aquela superfície alagada: algumas pareciam tocar as nuvens, lá no alto; outras pairavam, baixinho, junto à água à procura de alimento. Os cantares, os sons variadíssimos, enchiam-nos os ouvidos de longas e doces toadas.
Fechei os olhos e respirei fundo. O lugar era perfeito, lindo, verde, aguado… Mil perfumes brotavam daquela terra encharcada, daquelas plantas submersas...
A voz do ti Joaquim pareceu vir de muito, muito longe:
- Há aves que têm aqui o seu habitat permanente, outras vêm de longe para nidificar. Estas últimas são as aves de arribação.
- Aves de arribação! – exclamámos.
- O que quer dizer arribação? – perguntou-me a minha filha, curiosa.
- Ora bem, deixa-me ver, deve ter a ver com o étimo latino “ripa” que significa riba, margem elevada junto ao rio e também elevação que sustém as águas do mar!
- O latim ajuda muito! Não é, senhora professora? – disse o ti Joaquim.
- A minha mãe, quando quer saber o significado de alguma palavra, recorre sempre ao latim – explicou a minha filha, perguntando, logo de seguida:
- Os montes de Salir são, então, ribas?
- Pois são – concordou o ti Joaquim - e as aves vêm de muito longe, sobrevoam o mar e alcançam as ribas, daí o nome de aves de arribação.
- Ó mãe, e ribeiro também vem de “ripa”?
- Deve vir – atirou o ti Joaquim, olhando para mim - o ribeiro é um pequeno curso de água que vai dar, por exemplo, a um rio. O ribeiro não corre de muito longe, o seu curso ocorre perto da riba.
- Sim. A palavra ribeiro vem de riparium (de ripa) > ripairo > ribeiro – expliquei.
- Mas eu sei uma coisa que se calhar vocês não sabem. Nem mesmo a senhora professora! – exclamou o ti Joaquim com um sorrizinho atrevido nos lábios grossos e queimados do sol.
- Diga lá, então.
- Sabem como se chama a água que, junto da margem de um rio, tem pouca profundidade? – perguntou divertido.
Nem nos deixou responder, tal era a sua vontade de mostrar o que sabia.
- Lada.
- Lada?
- Bem, tenho de ir tratar dos animais – afastou-se a rir – ao jantar falamos nisso.
Seguimos o ti Joaquim com os olhos cheios da beleza daquele local lindíssimo, paradisíaco. As conversas, os passeios, os petiscos… o ti Joaquim queria que as nossas férias fossem perfeitas. Toda a gente vai para o Algarve, para a praia, mas eu vou mostrar-vos que podem ter umas férias magníficas aqui comigo, com as gentes da aldeia, dissera-nos.
Foto de Pyconotus
A Mena na cozinha
Delícia de ananás
1 embalagem de gelatina de ananás
ananás
2 dl de natas
água
Trabalhinho:
1 comentário:
o meu e fier_girl_18@hotmail.com
beijinho
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