O mistério das cousas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as cousas e penso no que os homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.
Porque o único sentido oculto das cousas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as cousas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.
Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: —
As cousas não têm significação: têm existência.
As cousas são o único sentido oculto das cousas.
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as cousas e penso no que os homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.
Porque o único sentido oculto das cousas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as cousas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.
Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: —
As cousas não têm significação: têm existência.
As cousas são o único sentido oculto das cousas.
Alberto Caeiro
O poema pode ser dividido em três partes, correspondentes a cada uma das estrofes.
Na primeira parte, encontra-se uma série de interrogações, através das quais se depreende a filosofia do sujeito poético em relação àquilo que as coisas representam. Para ele, as coisas existem por si e não há nelas qualquer mistério, uma vez que elas se apresentam tal como são e é deste modo que ele se identifica com elas. É visível uma certa ironia quando afirma que ri daquilo que os homens pensam das coisas, mas até o seu riso é "como um regato", ou seja, é simples, puro e espontâneo.
Na segunda parte, o sujeito lírico justifica a atitude anterior e explica a razão de não ver o mistério das coisas. Para ele, as coisas não têm sentidos ocultos, nelas não há nada que compreender e, talvez isso seja estranho, ou cause estranheza.
Na terceira parte, verifica-se uma confirmação das afirmações anteriores, agora de carácter mais pessoal, reafirmando que os seus sentidos lhe permitiram aprender que as coisas existem, mas não têm significado, "têm existência" e não precisam de ter "significação".
Neste texto transparece a maneira como o sujeito lírico encara o mundo: com objectividade, notando-se a preferência por um mundo natural, do qual o sujeito poético faz parte integrante, comparando-se mesmo ao regato, "que soa fresco numa pedra". O mundo surge aqui reduzidio aos fenómenos das coisas e à natureza delas, numa tentativa de simplificar e clarificar os elementos que integram o mundo, o que, de algum modo, atenua a "dor de pensar" que é característica do ser consciente e, por isso, prefere modelos naturais como a pedra, a árvore, o rio. No mundo aqui apresentado, temos de aprender e desaprender, facto confirmado no verso 6, onde se destaca o que comummente os homens vêem nas coisas, mas que ele não vê, porque tudo é como é, o que é preciso é saber ver, apurando os sentidos para que estes aprendam sozinhos que "as coisas não têm significação: têm existência".
Para negar "o mistério das coisas", o sujeito poético pergunta; " Que sabe o rio e que sabe a árvore", onde está o seu mistério e por que razão "não aparece / Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?". Afirma ainda que "o único sentido oculto das coisas / É elas não terem sentido oculto nenhum", ou que "As coisas não têm significação: têm existência. / As coisas são o único sentido oculto das coisas". No fundo, basta acreditar, apenas, na existência e negar a sua essência para impossibilitar a ocorrência do mistério.
Alberto Caeiro aceita um mundo objectivo, concreto e natural. Daí que, normalmente, se identifique com o pastor que vive em contacto permanente com a natureza que, por sua vez, é constituída por elementos naturais como o rio, as árvores, as flores, o vento, mas onde os elementos resultantes do trabalho do homem não surgem.
Na realidade, Caeiro aceita um mundo bastante restrito e limitado, reduzindo-o aos fenómenos mais simples e primitivos, recusando a intervenção do homem, de modo a evitar transformações e depredações. Assim, dir-se-ia que Caeiro cria um mundo só dele, um mundo inocente e saudável, só possível de encontrar em locais paradisíacos e distantes da acção humana.
Alberto Caeiro é o poeta que recusa o pensamento. Contudo, entra, por vezes, em contradição, já que neste texto, por exemplo afirma que pensa ("e penso no que os homens pensam delas"), embora reserve, depois, esta atitude reflexiva para os poetas e para os filósofos ("E do que os sonhos de todos os poetas / E os pensamentos de todos os filósofos"). Privilegia as sensações, os órgãos dos sentidos, fundamentalmente a visão, e afirma que não precisa de pensar para saber que "As coisas não têm significação: têm existência" e que isto é captado pelos sentidos ("Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos")
Pode pois constatar-se o desprezo do pensamento e a apologia das sensações, muito embora também pareça evidente a impossibilidade de uma rejeição total do acto de pensar.
Trabalhinho:
Na primeira parte, encontra-se uma série de interrogações, através das quais se depreende a filosofia do sujeito poético em relação àquilo que as coisas representam. Para ele, as coisas existem por si e não há nelas qualquer mistério, uma vez que elas se apresentam tal como são e é deste modo que ele se identifica com elas. É visível uma certa ironia quando afirma que ri daquilo que os homens pensam das coisas, mas até o seu riso é "como um regato", ou seja, é simples, puro e espontâneo.
Na segunda parte, o sujeito lírico justifica a atitude anterior e explica a razão de não ver o mistério das coisas. Para ele, as coisas não têm sentidos ocultos, nelas não há nada que compreender e, talvez isso seja estranho, ou cause estranheza.
Na terceira parte, verifica-se uma confirmação das afirmações anteriores, agora de carácter mais pessoal, reafirmando que os seus sentidos lhe permitiram aprender que as coisas existem, mas não têm significado, "têm existência" e não precisam de ter "significação".
Neste texto transparece a maneira como o sujeito lírico encara o mundo: com objectividade, notando-se a preferência por um mundo natural, do qual o sujeito poético faz parte integrante, comparando-se mesmo ao regato, "que soa fresco numa pedra". O mundo surge aqui reduzidio aos fenómenos das coisas e à natureza delas, numa tentativa de simplificar e clarificar os elementos que integram o mundo, o que, de algum modo, atenua a "dor de pensar" que é característica do ser consciente e, por isso, prefere modelos naturais como a pedra, a árvore, o rio. No mundo aqui apresentado, temos de aprender e desaprender, facto confirmado no verso 6, onde se destaca o que comummente os homens vêem nas coisas, mas que ele não vê, porque tudo é como é, o que é preciso é saber ver, apurando os sentidos para que estes aprendam sozinhos que "as coisas não têm significação: têm existência".
Para negar "o mistério das coisas", o sujeito poético pergunta; " Que sabe o rio e que sabe a árvore", onde está o seu mistério e por que razão "não aparece / Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?". Afirma ainda que "o único sentido oculto das coisas / É elas não terem sentido oculto nenhum", ou que "As coisas não têm significação: têm existência. / As coisas são o único sentido oculto das coisas". No fundo, basta acreditar, apenas, na existência e negar a sua essência para impossibilitar a ocorrência do mistério.
Alberto Caeiro aceita um mundo objectivo, concreto e natural. Daí que, normalmente, se identifique com o pastor que vive em contacto permanente com a natureza que, por sua vez, é constituída por elementos naturais como o rio, as árvores, as flores, o vento, mas onde os elementos resultantes do trabalho do homem não surgem.
Na realidade, Caeiro aceita um mundo bastante restrito e limitado, reduzindo-o aos fenómenos mais simples e primitivos, recusando a intervenção do homem, de modo a evitar transformações e depredações. Assim, dir-se-ia que Caeiro cria um mundo só dele, um mundo inocente e saudável, só possível de encontrar em locais paradisíacos e distantes da acção humana.
Alberto Caeiro é o poeta que recusa o pensamento. Contudo, entra, por vezes, em contradição, já que neste texto, por exemplo afirma que pensa ("e penso no que os homens pensam delas"), embora reserve, depois, esta atitude reflexiva para os poetas e para os filósofos ("E do que os sonhos de todos os poetas / E os pensamentos de todos os filósofos"). Privilegia as sensações, os órgãos dos sentidos, fundamentalmente a visão, e afirma que não precisa de pensar para saber que "As coisas não têm significação: têm existência" e que isto é captado pelos sentidos ("Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos")
Pode pois constatar-se o desprezo do pensamento e a apologia das sensações, muito embora também pareça evidente a impossibilidade de uma rejeição total do acto de pensar.
Trabalhinho:
A Mena na cozinha
Tiramisú
Tiramisú
7,5 dl de café
3 colheres de sopa de vinho do Porto
2 ovos
3 colheres de sopa de açúcar
250 g de creme de queijo
2,5 dl de natas
16 palitos de champanhe
2 colheres de cacau em pó
3 colheres de sopa de vinho do Porto
2 ovos
3 colheres de sopa de açúcar
250 g de creme de queijo
2,5 dl de natas
16 palitos de champanhe
2 colheres de cacau em pó
Numa tigela, junte o café e o vinho do Porto. Bata as gemas com o açúcar, durante 3 minutos, com a batedeira, até que fique um creme espesso e claro. Junte o creme de queijo e misture bem. Bata as natas e adicione-as ao preparado anterior.
Bata as claras em castelo e junte à mistura das natas.
Mergulhe os palitos , um de cada vez, na mistura do café, escorra-os bem e coloque uma camada no fundo de um pirex. Espalhe parte do preparado com natas por cima.
Mergulhe os restantes palitos e repita as camadas. Termine com creme, alisando bem a superfície. Polvilhe com cacau. Leve ao frigorífico cerca de 2 horas.
Delicie-se!
Bata as claras em castelo e junte à mistura das natas.
Mergulhe os palitos , um de cada vez, na mistura do café, escorra-os bem e coloque uma camada no fundo de um pirex. Espalhe parte do preparado com natas por cima.
Mergulhe os restantes palitos e repita as camadas. Termine com creme, alisando bem a superfície. Polvilhe com cacau. Leve ao frigorífico cerca de 2 horas.
Delicie-se!
3 comentários:
"As cousas não têm significação: têm existência.
As cousas são o único sentido oculto das cousas."
Essa parte foi a mais densa.
Beijo imenso, menina linda.
Rebeca
-
Olá Mena
As "cousas" fazem parte da nossa existência.
Adorei o chapéu.
Com este calor soube-me tão bem...o gelado!
Bjs.
olá mena
deve ser muito saboroso tem um aspecto maravilhoso....bjks
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