Personagens
Maria de Noronha
Maria de Noronha tem 13 anos, é uma menina bela, pura, terna, corajosa, ingénua, culta, mas frágil, tem tuberculose, e acredita com fervor que D. Sebastião regressará (culto sebastianista). Tem uma grande curiosidade e espírito idealista. Ao pressentir a hipótese de ser filha ilegítima sofre moralmente. Será ela a vítima sacrificada no drama.
Trata-se de uma personagem idealizada:
- a ingenuidade, a pureza, a meiguice, o abandono, próprios duma alma infantil, e a inteligência, a experiência, a cultura, a intuição, características de um espírito adulto, confluem numa personagem pouco real, só entendida à luz do desvelo que Garrett votava a sua filha Maria Adelaide e à condição social que, para a mesma, resultara da morte prematura da mãe;
- protótipo da mulher-anjo, tão do agrado dos românticos, Maria é demasiado angélica para ser verdadeira;
- a sua dimensão psicológica resulta, por isso, contraditória, ao revelar comportamentos, simultaneamente, de criança e de adulto.
Maria, débil fisicamente, desde cedo nos deixa antever, que o seu desenvolvimento precoce, a nível psicológico, a faz sofrer (“E eu agora é que faço de forte e assisada, que zombo de agouros e de sinas… para animar, coitada!... que aqui entre nós, Telmo, nunca tive tanta fé neles. Creio, oh, se creio! Que são avisos que Deus nos manda para nos preparar. – E há… oh! Há grande desgraça a cair sobre meu pai… decerto! E sobre minha mãe também, que é o mesmo.”; “Mãe, mãe, eu bem o sabia… nunca to disse, mas sabia-o;”; “É a voz de meu pai! Meu pai que chegou. / Pois oiço eu muito claro”) e que a sua fraca saúde agudiza esse sofrimento – “Pathos” – (“Que febre que ela tem hoje, meu Deus! Queimam-lhe as mãos… e aquelas rosetas nas faces…”; “ Naquele corpo tão franzino”, tão delgado, que mais sangue há-de haver? – Quando ontem a arranquei de ao pá da mãe e a levava nos braços, não mo lançou todo às golfafdas aqui no peito? (Mostra um lenço branco todo manchado de sangue.).” Maria reforça o sebastianismo de Telmo pelo seu entendimento profético, fazendo com que o passado esteja sempre presente; é adulta nas sua preocupações relativas às injustiças sociais (“Coitado do povo! – Que mais valem as vidas deles? Em pestes e desgraças assim, eu entendia, se governasse, que o serviço de Deus e do rei me mandava ficar, até à última, onde a miséria fosse mais e o perigo maior, para atender com remédios e amparo aos necessitados.”) e pela cultura (“”Menina e moça me levaram da casa de meus pai” – é o princípio daquele livro tão bonito que a minha mãe diz que não entende: entendo-o eu.”. Maria é a prova clara e concreta da situação ilegítima de seus pais, a prova do crime por eles cometido e, como tal, não sobrevive – por um lado por ver a decisão de renúncia ao mundo tomada por ambos, que adora, não conseguindo resistir ao seu sofrimento (“Esperai: aqui não morre ninguém sem mim. (…) Que Deus é esse que está nesse altar, e quer roubar o pai e a mãe a sua filha? (…) Mate-me, mate-me, se quer, mas deixem-me este pai, esta mãe, que são meus”); por outro lado, por perceber precocemente o pecado da sua existência (morte física) – Catástrofe – (“Essa filha é filha do crime e do pecado!...” Não sou; dize, meu pai, não sou… dize a essa gente toda, dize que não sou”; “Minha mãe, meu pai, cobri-me bem estas faces, que morro de vergonha… (esconde o rosto no seio da mãe) morro, morro… de vergonha… (Cai e fica morta no chão. Manuel de Sousa e Madalena prostram-se ao pé do cadáver da filha)”. Maria é a mulher-anjo bom, é o modelo de mulher romântica.
2 comentários:
Olá! muito obrigada pela visita e pelos simpático votos. eu chego um pouco atrasada, mas ainda assim quero desejar um excelente 2011.
bjinhos
Oi Nena.
Lindo conto de Maria de Noronha.
HAPPY NEW YEAR
O nosso caminho é feito
Pelos nossos próprios passos...
Mas a beleza da caminhada...
Depende dos que vão conosco!
Assim, neste NOVO ANO que se inicia
Possamos caminhar mais e mais juntos...
Em busca de um mundo melhor, cheio de PAZ,
SAUDE, COMPREENSÃO e MUITO AMOR.
Feliz Ano Novo para você e família.
Bjtos.Nile.
Enviar um comentário