quinta-feira, 19 de julho de 2012

És sonho, és nada


Chagall


Surges ao longe
Qual cavaleiro andante e no negrume
Vislumbro o teu rosto, o teu sorriso...
Uma névoa  leve, quase irreal, fantástica
Pousa no verde pálido dos teus olhos,
Um mar rebelde aquieta brando.
E o vento vem de mansinho
Agitar-te o cabelo revoltoso,
Ondas crescentes de espuma brilhante.
Uma gaivota esvoaça
E, vacilante, poisa nos teus ombros,
Quedos rochedos debruçados sobre o mar...

A voz não sai,
O grito vacila, fica preso na garganta...
E, lá longe, os barcos oscilam docemente,
Perfilados, num constante vaivém de águas
Reluzentes que te prendem o olhar.
Quero chamar-te, quebrar o feitiço,
Mas é sedutor o mar, suave a sua súplica...
E nos singulares e febris olhos teus
Arde uma chama que te consome
A vontade. Não és tu, sou só eu!
Lentamente, perdes o rosto, os olhos,
O nome... És sonho, és nada...



Mena

2 comentários:

Mona Lisa disse...

Belo e melancólico poema.

Beijos.

Nilson Barcelli disse...

A vontade move montanhas...
EXcelente poema, gostei imenso das tuas palavras.
Um beijo, querida Mena.