sábado, 21 de julho de 2012

Maçonaria e Acordo Ortográfico


Até saber que Miguel Relvas era “maçon”, nunca tinha dado crédito a teorias que ligavam a obstinação em levar adiante o Acordo Ortográfico a alguém relacionado com a Maçonaria ou, até mesmo à Maçonaria em si mesma, no seu todo.

Não sei se é do conhecimento de todos: a Maçonaria – sempre com membros do sexo masculino - em Portugal tem duas obediências:
i) o Grande Oriente Lusitano, que tem a sua sede para os lados da Baixa; a sua percentagem é maioritariamente de pessoas de esquerda, ligadas ao PS;
Está ligada à Maçonaria francesa
ii) A Maçonaria legal (anteriormente chamada “regular”), que começou por funcionar em Cascais, no início dos anos 90, em casa de um homem muito rico; que, depois de Nandim de Carvalho ter sido eleito Grão-Mestre, expulsou da sua casa os “maçons”, não a disponibilizando como sede da mesma. Actualmente, está inscrita no registo civil como associação. Tem sede em Alvalade. Tem sobretudo – percentualmente – pessoas ligadas ao PSD e ao CDS.
Está ligada à Maçonaria do Reino Unido; em especial, ao chamado “rito escocês rectificado”.

Há só pouco mais de 4.000 maçons em Portugal.

Todavia, eles estão por todo o lado e fazem compadrios com os seus “irmãos”.
Dificilmente um “maçon” de uma obediência deixa de fazer a apologia de um seu irmão. Isto sucede mesmo entre um maçon do GOl e um maçon da Maçonaria legal.

b) Sempre pensei que a Maçonaria tinha critérios rigorosos para a admissão de “maçons”.
Todavia, ao saber que MR pertencia à Maçonaria, fiquei siderado:
Como é que uma pessoa destas entra para a Maçonaria?

A Maçonaria fica muito mal com este “filme”; pois caem por terra a fiabilidade dos critérios de admissão de membros.

c) Quanto à ratificação do 2.º Protocolo em 2008, durante a maioria absoluta do PS de Sócrates – embora com votos do BE, PSD e CDS -, não tenho elementos que me permitam dizer que o GOL esteve por trás.
Mas tenho muitas suspeitas – dado que muitas pessoas do GOL estão ligadas ao PS.

d) Já quanto à obstinação de o novo Governo de coligação PSD-CDS levar avante o AO, pode questionar-se se não terá havido intervenção de alguém membro da Maçonaria – porventura do GOL, porventura, de MR – nisto.
É que, recorde-se, Pedro Passos Coelho não era favorável ao Acordo. Respondeu a um militante, durante a campanha eleitoral, dizendo isso.
No entanto, Passos, depois, acede à chefia do Governo e muda de opinião.
Não está claro por que razão o fez.
Isto, tanto mais que o AO era uma “herança” do Governo anterior; e que o novo Governo poderia mudar de orientação.
Não foi isso que aconteceu: foi dado cumprimento à Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011 – aliás, pejada de inconstitucionalidades -, apressando a aplicação do Acordo para 1 de Janeiro de 2012, mandando-o aplicar à Administração Pública (n.º 1) (excepto o sector empresarial, como o CCB); e aos diplomas publicados no Diário da República (n.º 2) – aliás, inconstitucionalmente, pois uma Resolução, com carácter regulamentar duvidoso (i) por versar sobre uma matéria de reserva de lei e, mais especificamente, de reserva de competência legislativa da AR - artigo 165.º, n.º, 1, al. b) - direitos, liberdades e garantias; ii) cfr. art. 112.º, n.º 6, da Constituição, que exige a forma de decreto regulamentar para os regulamentos independentes, nunca a forma de Resolução do Conselho de Ministros), não pode dispor em relação a diplomas emitidos por outros órgãos de soberania (AR, PR, tribunais) nem das Regiões Autónomas; tive ocasião de defender, na minha fundamentação da queixa à Provedoria, que o n.º 2 era organicamente inconstitucional (e também materialmente inconstitucional, por violar o princípio da separação de poderes).

Quem poderão ser os acordistas do Governo?
Não sei, de ciência exacta, se MR será “acordista”.
Mas suponho que, se MR não fosse “acordista” o Governo não o seria…

e) Note-se as ligações entre o ministro Relvas e o ex-chefe dos espiões Jorge Silva Carvalho. Este último é maçon, da Loja Mozart.
Veja-se o caso da licenciatura ultra-rápida na U. Lusófona. Pelo menos, o administrador Damásio é, ao que parece, maçon, do GOL.

f) Em geral, por trás da aplicação do AO, parecem estar interesses de “lobbies”, que querem ganhar dinheiro à custa da ignorância das pessoas (veja-se a quantidade de livros editados, quer em Portugal quer no Brasil, sobre “o que muda” com o “novo Acordo Ortográfico”; as editoras, de forma manifestamente oportunista, positivista legalista e olhando apenas a cifrões, destroem sem escrúpulos, alegremente o património que é a variante do português europeu.

f’) Provavelmente, um dia, conheceremos toda a história das negociatas e dos interesses pouco claros que estão na base da ratificação do 2.º Protocolo do AO.

O esforço de ratificar o Acordo foi comum a todos os partidos, excepto o PCP / PEV.
No actual Governo, embora a questão não tenha sido discutida em campanha eleitoral (apenas o PS colocou o AO no seu programa), prosseguir com a aplicação do AO, quando o País está em crise financeira e económica gravíssima, a precisar de ajuda externa; e o Estado desbarata alegremente os seus recursos com uma coisa tão a-científica e desprovida de lógica, como é o AO, é algo que deve ser escrutinado.

O actual Governo deveria ter tomado isso em consideração, na decisão de prosseguir e despender recursos. Uma vez, que, por um lado, pede sacrifícios e austeridade aos portugueses. Mas, por outro, desbarata dinheiros públicos na "implementação" do Acordo Ortográfico (bem como em outros “elefantes brancos”, como as Parcerias público-privadas).

g) Há uma boa notícia, no meio disto tudo: é que, se MR, como tudo indica, mais tempo, menos tempo, sairá do Governo, isso irá dar um alento à luta anti-Acordo.



Ivo Miguel Barroso

1 comentário:

João Félix Galizes disse...

Podemos juntar a tudo isto que um dos grandes impulsionadores da unificação da Língua portuguesa foi o Presidente brasileiro maçon José Sarnei. Será que a Maçonaria possa não estar envolvida nisto? Resta-nos questionar: com que intuito tudo isto?