domingo, 12 de junho de 2011

Estou assim...


Triste...

Por vezes, fico completamente decepcionada com tudo o que me rodeia. Pago os meus impostos, dou esmolas quando posso, chego até a ficar com a carteira vazia, despojando-me das poucas moedas que trago comigo (ando sempre com pouco dinheiro), faço por ser justa, fico com problemas de consciência se sinto que não estou a agir com justiça, no caso de dúvida, beneficio sempre o outro, prefiro sair prejudicada, mas de consciência tranquila... Dou o meu melhor em tudo o que me proponho fazer e no que me propõem...
Mas, às vezes, sinto que o que está a dar é ser-se uma boa filha da..., não ligar para os outros, fugir das responsabilidades, olhar só para o meu umbiguinho (que por acaso é bem bonitinho, agradeço à minha mãe por isso!) e deixar o resto rolar ao sabor do tempo.
Não compreendo como há gente que prejudica os outros a torto e a direito e consegue colocar a sua "cabeça podre" na almofada e dormir como se nada tivesse acontecido! Não compreendo como se fazem tantas trafulhices, tantas injustiças e não se pague por isso! Não compreendo como há "seres humanos" que deixam outros a morrer numa valeta e fogem sem qualquer problema de consciência! Não compreendo como se abandonam os animais! Não compreendo... Não compreendo... Não compreendo...
É o salve-se quem puder! É o eu, eu, eu, eu! Já não há valores, dizem alguns! Faz o mesmo, aconselham outros! A vida são dois dias, preocupas-te muito, demasiado, criticam! É o preço da democracia, minha amiga, atiram-me!
Podia ficar aqui a desdobrar um longo lençol de lamentações, mas vou parar por aqui! Sobreviverei a todas as injustiças, mas que custa, custa! Custa dar tudo e não receber nada, custa ser tão invisível, custa pagar pelos erros dos outros, custa não ver a luz ao fim do túnel, custa ver um país, outrora grande, a desmoronar-se, porque cada um só se interessa por si, pelo seu bem-estar, pelo que pode vir a obter... Ninguém faz nada gratuito, de coração...


Um pequeno exemplo de algo que presenciei que mostra bem que nada se faz sem um propósito, que mostra bem a mesquinhez e a mentalidade pequenina de muita gente:
No supermercado, num fim-de-semana destes, a angariar alimentos para o Banco Alimentar contra a fome.
Um aluno meu, da minha equipa, viu chegar uma pessoa conhecida e disse-me:
- professora, aquela não dá nada, não vale a pena darmos o saco nem pedirmos nada. Ela nunca dá, manda-nos trabalhar, diz que não dá para malandros que não querem trabalhar.
Assenti, não me apetecia entrar em diálogo com a pessoa em questão. Mas, ela dirigiu-se ao meu aluno e pediu-lhe um saco, enquanto foi dizendo, "não sei se um dia vou precisar, por isso, pelo sim, pelo não, vou dar qualquer coisinha."
Olhámos uns para os outros e depois para a pessoa. O meu aluno parecia deitar faíscas pelos olhos. Pois, disse ele, quando vemos as barbas do vizinho a arder, pomos as nossas de molho, não é?
A pessoa olhou-me e atirou-me um "não devia ter aqui um malcriadão destes! Agora não devia dar nada, mas como até sou boa pessoa..."



2 comentários:

mfc disse...

Pois.... até apetecia dizer alguma coisa , não era?!
Olha... toma um xi... apertado!

Vítor Fernandes disse...

Olhe Mena, não concordo que o melhor seja deixar de ser quem é e passe a agir como um(a) filha da p... Isso não lhe vai dar nenhum motivo de alegria. Pois bem, há muita gente que se safa assim, diria mais, que só se safa assim. Deixai-os cada um acarreta em si o peso das mal ou das benfeitorias da vida. Continue a ser quem descreveu que era (e é) e se quiser olhar para o seu bonito umbigo faça-o apenas por uma questão de estética. Quanto ao seu rapazinho a idade às vezes não nos permite reprimir os ímpetos e eu quase me atreveria a dizer que ainda bem. E a culpa não é da democracia, acredite.