sábado, 9 de julho de 2011

Cesário Verde - Contextualização


No final do século XIX, o mundo apresenta-se bastante confuso. Assiste-se a descobertas científicas que revolucionam as ideias e provocam alterações de valores e de crenças, observando-se também conflitos, devido à competição económico-militar e ao advento do operariado. Todos estes factores desencadearão uma crise social e originarão as duas grandes guerras do século XX.
No fim do século XIX expressam-se inquietações na arte e na literatura. Coexistem várias correntes estéticas e anunciam-se outras que se imiscuem no Romantismo ou no Realismo, ou até se apresentam como contraditórias. Todavia, e embora opostos, o Realismo/Naturalismo e o Modernismo (na base do qual está o Parnasianismo e o Simbolismo) recusam o Romantismo.
Prolifera a produção literária e surgem nomes sonantes em todos os modos literários. É o caso de Baudelaire, Anatole France, Marcel Proust, ou Verlaine, Malarmé, Rimbaud e Valéry (simbolista), em França, ou Oscar Wilde, em Inglaterra.
Também em Espanha se salientam nomes como Miguel Unamuno, António Machado e Ramón Jiménez.
Em Portugal destacam-se Cesário Verde (parnasiano), Eugénio de Castro e Camilo Pessanha (simbolistas).
O Impressionismo ressalta na arte e distancia-se do realismo ao revelar-se mais pessoal. Esfuma-se a fronteira entre o objectivo e o subjectivo como Manet, abrindo caminho aos impressionistas Monet, Renoir, Sisley, entre outros, que são considerados precursores de Cézanne, Gauguin, Van Gogh, já anunciadores do simbolismo, movimento que considera possível trazer à consciência os sonhos e os estados de alma, através das cores e das imagens. Como representantes do Simbolismo e do Impressionismo estão homens como Sérusier, Bonnard, Munch...
Esta estética surge representada em Portugal por Sousa Pinto, Columbano, Silva Porto.


Situação política e social

Do ponto de vista económico-social, a época em que Cesário Verde viveu, a segunda metade do século XIX, é marcada por vários acontecimentos:
  • rápido aumento populacional das cidades provocado pelo êxodo rural;
  • bipolarização do país: civilização das cidades e atraso do campo;
  • nascimento do proletariado urbano;
  • falta de organismos de protecção social, quer a nível da saúde (a tuberculose atinge vastas camadas da população), quer a nível das situações de desemprego;
  • contraste acentuado entre ricos e pobres, entre governantes e governados;
  • desenvolvimento contraditório e desumanizado da cidade: os candeeiros a gás e a electricidade, a água canalizada a par das ruas de terra batida, mal-cheirosas e escuras, a falta de higiene e uma precária saúde pública;
  • expansão do sector terciário, pelo desenvolvimento industrial e comercial;
  • crescente desenvolvimento dos transportes e vias de comunicação;
  • aparecimento dos bairros burgueses e dos subúrbios populares;
  • nascimento e propagação da causa republicana e dos movimentos operários de inspiração socialista, consequência do clima de descontentamento político-social que dominava o país;
  • despertar do anticlericalismo.

O contexto cultural

Do ponto de vista cultural e estético-literário, esta segunda metade do século XIX é dominada pelo:
  • analfabetismo da população superior a 80%;
  • desprezo dos políticos e intelectuais pelas raízes culturais e pelo povo;
  • gosto da burguesia por uma poesia sentimentalista e grandiloquente;
  • papel preponderante da Geração de 70, em especial de Antero de Quental, cultor, ainda, de uma poesia romântica, mas revelando já uma faceta de empenhamento social;
  • realismo e posterior evolução para o naturalismo no romance, em particular o de Eça de Queirós;
  • surgimento da técnica impressionista da apreensão do real quer na literatura, quer na pintura;
  • aparecimento do quotidiano e das questões sociais na criação artística (literatura e pintura).

1 comentário:

lucas disse...

eu queria saber umas caracteristicas que tornam essa imagem parnasiana, poderia me esclarecer?