Hoje, não vou sair de casa sem o meu blusãozinho! Estou farta de ser apanhada desprevenida. Se tiver calor, dispo-o... e, pronto!
Este tempo está a dar comigo em doida!
Vou fazendo umas arrumações, mas o quarto dos brinquedos ainda está um caos. Aliás, nunca esteve assim! Decidi abrir tudo quanto era caixa de brinquedos e fazer uma escolha. Ainda me faltam duas caixas! Está uma desarrumação nunca vista. Já pus três sacos dos grandes de brinquedos partidos no lixo e ainda a procissão vai no adro. Tanta coisa guardada sem qualquer préstimo! Mas vai ficar tudo arrumadinho antes de chegar a vez da Edi entrar em acção. Arrumadinho! Não! O quarto vai ter de ficar quase vazio, ou seja as caixas e móveis pequenos vão ter de saltar de lá para outro sítio qualquer. E, depois, é colocar tudo novamente no lugar... A trabalheira que dão as limpezas de Verão!
O vento anda como louco, está a dar-me cabo do jardim, da horta e dos nervos!
Levo uma eternidade para adormecer, oiço os candeeiros da rua a tilintar, a tilintar... e fico à espera que um deles salte da parede e vá estilhaçar-se no chão ou fazer mais alguns estragos, caindo em cima, por exemplo, dos painéis solares!
Adormeço tarde e, para ficar tudo a condizer, tenho pesadelos. O pior é que o desta noite aconteceu mesmo há uns bons anitos. Acordei cansadíssima!
Ainda hoje tremo só de pensar no que aconteceu... e, não bastando, ainda tinha de sonhar com isso:
Tinha 22 anitos. Um horário misto: diurno e nocturno. Turmas de 10.º e 11.º anos. Quinta-feira à noite. Dia de selecção na televisão. Dia livre à sexta-feira, preenchida com aulas na Faculdade. Os meus alunos do 11.º ano decidiram brindar-me com uma folga. Mais importante do que a aula de Francês era, com certeza, o jogo da selecção. Entrei na sala vazia, esperei, esperei... Apareceu uma rapariguinha pouco mais velha do que eu a avisar-me que estavam todos no café a ver o bendito jogo. Escrevi o sumário, saí, fechei a porta, arrumei o livro de ponto e decidi não esperar pelos meus pais que iam todos os dias, à noite, buscar-me à escola. Meti-me a caminho. No dia seguinte, tinha Expresso às 6 horas e 30 minutos para Lisboa e um dia repleto de aulas. Era da maneira que ia mais cedo para a caminha! A escola fica a cerca de 500 metros da casa dos meus pais. Não se via ninguém na rua. Quase a meio do caminho, senti um arrepio e abotoei o casaco. Olhei para trás, um indivíduo vinha lá ao fundo, muito ao fundo. Descansei: outro que saiu mais cedo!... Alarguei o passo, tinha pressa de chegar a casa. Não sei porquê, mas estava com medo! Voltei a cara para trás, sem alterar a passada, e reparei que o indivíduo ganhara terreno... Também está com pressa, pensei. Faltavam uns metros para chegar a casa dos meus tios, que dista uns 50 metros da casa dos meus pais. Apressei ainda mais o passo e o medo também! Olhei pelo canto do olho. O homem de camisola cor de tijolo estava cada vez mais perto. Bastava, agora, atravessar a estrada para chegar a casa dos meus tios. Alarmada, pedia a Deus: Por favor, deixa-me chegar ao portão! Ao portão! Ao portão! Corri e o homem correu atrás de mim. Lancei-me ao portão e agarrei-me, como a uma tábua de salvação. A camisola cor de tijolo agarrou-me por trás, tapou-me a boca com a mão enluvada e pressionava-me com algo pontiagudo nas costas. Senti o seu hálito quente e nojento no meu ouvido: se fizeres tudo o que te disser, não te faço mal. Puxava-me com força para eu soltar o portão e eu agarrava-me com todas as minhas forças. O portão oscilava e fazia barulho por causa dos puxões... As luzes acenderam-se, a chave rodou na fechadura, o indivíduo largou-me e fugiu. Eu caí na lama junto ao amontoado das pedras da calçada (andavam a fazer os passeios). O meu tio surgiu, saltou por cima de mim, e correu atrás do indivíduo. A minha tia acudiu-me, no momento em que os meus pais iam a passar para me irem buscar à escola. Junto a mim, ficara caída a navalha de ponta e mola que o homem me apontara às costas. Eu tremia que nem varas verdes em dia de vendaval. A vizinhança apareceu toda ali. Pouco depois, surgiu o meu tio com o desgraçado. Já lhe tinha dado uma boa coça. Levámo-lo ao posto da polícia. Apresentámos queixa. Ficou detido. Foi julgado tempos depois e apanhou nove anos de prisão...
Ainda hoje, tenho algum medo de sair, à noite, sozinha. Ainda hoje, olho mil vezes para trás quando vou na rua sozinha...
Estes sapatinhos já têm mais de vinte anos! Tirei-os do baú! São a paixão da minha filhota!
Traumas à parte, fui almoçar fora com o maridão aqui! Foi muito agradável! O empregado de mesa e os donos são pessoas muito simpáticas e tratam-nos como se fôssemos da casa. A comidinha é cem por cento caseira e feita só com "coisinhas" fresquinhas!
As sobremesas: melão para mim e... suspiro para o guloso, claro!
E o dia termina a ver o pôr-do sol. O vento? Esse continua, não arreda pé!
O vento anda como louco, está a dar-me cabo do jardim, da horta e dos nervos!
Levo uma eternidade para adormecer, oiço os candeeiros da rua a tilintar, a tilintar... e fico à espera que um deles salte da parede e vá estilhaçar-se no chão ou fazer mais alguns estragos, caindo em cima, por exemplo, dos painéis solares!
Adormeço tarde e, para ficar tudo a condizer, tenho pesadelos. O pior é que o desta noite aconteceu mesmo há uns bons anitos. Acordei cansadíssima!
Ainda hoje tremo só de pensar no que aconteceu... e, não bastando, ainda tinha de sonhar com isso:
Tinha 22 anitos. Um horário misto: diurno e nocturno. Turmas de 10.º e 11.º anos. Quinta-feira à noite. Dia de selecção na televisão. Dia livre à sexta-feira, preenchida com aulas na Faculdade. Os meus alunos do 11.º ano decidiram brindar-me com uma folga. Mais importante do que a aula de Francês era, com certeza, o jogo da selecção. Entrei na sala vazia, esperei, esperei... Apareceu uma rapariguinha pouco mais velha do que eu a avisar-me que estavam todos no café a ver o bendito jogo. Escrevi o sumário, saí, fechei a porta, arrumei o livro de ponto e decidi não esperar pelos meus pais que iam todos os dias, à noite, buscar-me à escola. Meti-me a caminho. No dia seguinte, tinha Expresso às 6 horas e 30 minutos para Lisboa e um dia repleto de aulas. Era da maneira que ia mais cedo para a caminha! A escola fica a cerca de 500 metros da casa dos meus pais. Não se via ninguém na rua. Quase a meio do caminho, senti um arrepio e abotoei o casaco. Olhei para trás, um indivíduo vinha lá ao fundo, muito ao fundo. Descansei: outro que saiu mais cedo!... Alarguei o passo, tinha pressa de chegar a casa. Não sei porquê, mas estava com medo! Voltei a cara para trás, sem alterar a passada, e reparei que o indivíduo ganhara terreno... Também está com pressa, pensei. Faltavam uns metros para chegar a casa dos meus tios, que dista uns 50 metros da casa dos meus pais. Apressei ainda mais o passo e o medo também! Olhei pelo canto do olho. O homem de camisola cor de tijolo estava cada vez mais perto. Bastava, agora, atravessar a estrada para chegar a casa dos meus tios. Alarmada, pedia a Deus: Por favor, deixa-me chegar ao portão! Ao portão! Ao portão! Corri e o homem correu atrás de mim. Lancei-me ao portão e agarrei-me, como a uma tábua de salvação. A camisola cor de tijolo agarrou-me por trás, tapou-me a boca com a mão enluvada e pressionava-me com algo pontiagudo nas costas. Senti o seu hálito quente e nojento no meu ouvido: se fizeres tudo o que te disser, não te faço mal. Puxava-me com força para eu soltar o portão e eu agarrava-me com todas as minhas forças. O portão oscilava e fazia barulho por causa dos puxões... As luzes acenderam-se, a chave rodou na fechadura, o indivíduo largou-me e fugiu. Eu caí na lama junto ao amontoado das pedras da calçada (andavam a fazer os passeios). O meu tio surgiu, saltou por cima de mim, e correu atrás do indivíduo. A minha tia acudiu-me, no momento em que os meus pais iam a passar para me irem buscar à escola. Junto a mim, ficara caída a navalha de ponta e mola que o homem me apontara às costas. Eu tremia que nem varas verdes em dia de vendaval. A vizinhança apareceu toda ali. Pouco depois, surgiu o meu tio com o desgraçado. Já lhe tinha dado uma boa coça. Levámo-lo ao posto da polícia. Apresentámos queixa. Ficou detido. Foi julgado tempos depois e apanhou nove anos de prisão...
Ainda hoje, tenho algum medo de sair, à noite, sozinha. Ainda hoje, olho mil vezes para trás quando vou na rua sozinha...
Estes sapatinhos já têm mais de vinte anos! Tirei-os do baú! São a paixão da minha filhota!
Traumas à parte, fui almoçar fora com o maridão aqui! Foi muito agradável! O empregado de mesa e os donos são pessoas muito simpáticas e tratam-nos como se fôssemos da casa. A comidinha é cem por cento caseira e feita só com "coisinhas" fresquinhas!
As sobremesas: melão para mim e... suspiro para o guloso, claro!
E o dia termina a ver o pôr-do sol. O vento? Esse continua, não arreda pé!
2 comentários:
Que post mais porreirinho!
Uma doçura... sabias?!
Gostei muito.
Obrigada, mfc!
Bj
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